Alberta tem dificuldade em manter amizades, mas não compreende a razão dos outros a evitarem, afinal, é bonita, simpática, inteligente, segundo sua família. O que ela não dá conta é que tende sempre a querer fazer as coisas do seu jeito, sem dar espaço para os outros se manifestarem. Ao conhecer Teobaldo repete seu comportamento, afasta-o de sua vida, o que lhe causa profunda dor.
Cristina Mutarelli compartilha com o público uma metáfora singela e doída sobre solidão, tristeza, frustração e a necessidade de transformação que as crianças passam ao longo de seu desenvolvimento. Banhadas pelas linguagens de seus familiares, cada criança responderá em seus relacionamentos a partir dos significantes herdados, principalmente na primeira infância. No caso da protagonista, foi necessária uma grande frustração – que partiu seu coração – para que se recolhesse à solidão em busca de respostas.
A partir do texto, Anita Prades cria uma proposta de ilustrações e projeto gráfico que conta duas narrativas, uma na parte de cima, com a passarinha, e outra na parte inferior do livro, na qual aparece uma menina, ambas com as mesmas características. O que faz com que, ao longo da leitura, a identidade de Alberta fique suspensa.
Nesta história não há um desfecho feliz para a protagonista, o que casou muito bem com a ideia de "aprender a lidar com as frustrações". Na verdade, as autoras entregam nas mãos dos leitores o final da narrativa: o que acontece com Alberta após a partida de Teobaldo? Será que ela repensará suas atitudes?