No alto de uma colina vivia o solitário Shen. Seus dias eram dedicados ao trabalho. Responsável por pequenos ajustes nas casas do vilarejo próximo, sempre conseguia em troca um prato de comida, chá, uma conversa.
Onde mora é vazio e silencioso, voltar para casa é como entrar em seu próprio coração que bate pouco. Certo dia, Shen ganha uma flauta de um senhorzinho que conhece no caminho da cidade. Misteriosamente, nos primeiros toques, o protagonista se descobre um bom flautista, e isso lhe rende novos encontros e convites. Todos queriam ouvir suas composições, que de tão belas, poderiam fazer alguém sorrir ou chorar.
Depois da flauta, tudo é mistério. Há um dia em que ele salva uma carpa e recebe como agradecimento uma semente de abóbora. Leva alguns dias até esse legume crescer e ficar do tamanho de uma... pessoa. Surge Aboborela, uma moça que enche os olhos e o lar de Shen. Mas, o final não é aqui. O rei, sabendo de tamanha beleza de Aboborela, a rapta e exige o casamento, para desespero do casal apaixonado. Esperta que só, a jovem tem seus truques, combina com Shen que a encontre no vigésimo segundo dia após sua saída de casa, usando um pedaço da abóbora que ele deve jogar no chão. Mas antes que isso aconteça, ela trama um plano para se ver livre do rei, que nem desconfia dos pedidos esdrúxulos de Aboborela e cai no abismo do luxo.
Tudo o que Shen mais queria na vida era um par, alguém para dividir as suas canções. Alguém que ocupasse um lugar importante em seu coração. Aboborela, longe de ser uma personagem passiva, desvenda a receita para o amor: mistério, desejo e coragem.