O narrador dessa história é um cliente da Charlly’s Lanches. Ele conta em detalhes o que presencia na lanchonete do pai do menino Charllys. Conta também as aventuras desse garoto que atravessa as ruas do centro de São Paulo como entregador, ou quando se arrisca na cadeira de sua mãe cabeleireira. Ela sempre faz questão de fazer um corte original, afinal, Charllys não é uma pessoa comum! Dia desses, uma cliente o comparou a Cauby, o Peixoto, o grande intérprete. Imagine! Um garoto com o cabelo do Cauby! Esse é o protagonista.
A voz narrativa utiliza uma lupa e amplia o ordinário de Charllynho Peruca a tal ponto que uma simples entrega se transforma em uma grande aventura. O garoto passa cada sufoco! É intimidado ou perseguido por outros garotos na rua, bate à porta de Edileine e se espanta, toma bronca aos montes de seu pai. E tudo narrado com ironia e bom humor. Um sarro!! É olhar com mais atenção e perceber o fervilhão que é o centro de uma cidade como São Paulo.
Os clientes que frequentam a lanchonete são diversos e sempre tiram uma onda com Charllynho, o fazem repensar as suas certezas e a maneira de ver a vida. O que não o intimida, nem o faz diminuir o tanto que fala. Ôh louco! Seu pai vive numa pilha e solta o verbo todo dia, mas também sabe demonstrar o amor que sente pelo filho, como no dia em que o surpreendeu em seu aniversário.
Esse livro é uma declaração de amor à cidade de São Paulo, à sua memória e arquitetura, mas principalmente às pessoas que em suas singularidades e imperfeições fazem da capital paulista um gigante de alma mansa.