O sonho de pintar passou de pai para filha. Yulu se viu encorajada a estudar pintura com seu pai desde cedo, que, além de a ensinar, contratou um artista renomado como professor para ajudá-la. No exercício de fazer um autorretrato, é muito importante a escolha do tecido da tela e da moldura. O tecido comprado possui o mesmo nome da menina, Yulu, como se até na essência o retrato tivesse um pouco da menina.
Yulu hesita ao estrear a tela, contudo deu início ao trabalho, que levou mais de uma semana para ficar pronto. Assim que terminou de pintar, pais e filha se viram muito satisfeitos com o resultado e convidaram alguns amigos para apreciar o quadro. Pouco antes de mostrar à pessoas, a menina percebeu que a tinta havia escorrido por toda a tela, arruinando o trabalho. Depois do susto, Yulu começou o trabalho de novo, em uma confusão de cores sobre cores.
No processo de refazer a imagem, Yulu entrou em um ciclo de tentativas e insatisfação, o que muito preocupou seus pais. Com dedicação, a menina não desistiu de buscar seu objetivo em um desenvolvimento de sua autossuperação.
Na narrativa, o espírito da tela não permitiu a fixação das pinturas de Yulu... Talvez pelo fato de o tecido ter sido destinado a outro pintor famoso ou porque fora feito de chuva, orvalho e também lágrimas. Apenas quando o pai briga com o quadro e o joga fora que, em sua oitava tentativa após recuperar a tela, a menina consegue ser bem-sucedida. Na cultura chinesa, o número oito significa sorte e prosperidade, pois a sua pronúncia é semelhante à palavra “fortuna”.
As ilustrações de Suzy Lee, predominantemente em preto e amarelo, foram feitas em aquarela, carvão e caneta. Este foi o primeiro do autor Cao Wenxuan traduzido no Brasil e o primeiro livro da China continental a ganhar uma menção honrosa na mostra de ilustradores da Feira de Livros Infantis de Bolonha em 2021.