Raramente rãs e rãzinhas na literatura são ranzinzas, mas podem ser um pouco inteligentes, um pouco tolas contrariando a ordem da natureza. Assim, antes mesmo de ler esta história, o leitor pode se indagar, mas como a rainha das rãs não pode molhar os pés? Que despropósito! As rãs da fábula de Davide Cali viviam num lago, fazendo as coisas boas de uma vida tranquila: elas saltavam e apanhavam moscas, cochilavam depois do almoço, divertiam-se cantando durante o verão após o jantar. Um dia, caiu do céu um pequeno objeto brilhante. Parecido com uma coroa, como coroa serviu à cabeça da rã mais ligeira que o encontrou. Aí começaram as mudanças. Afinal, ela deveria se comportar como uma soberana — logo disseram uns espertos que se fizeram seus conselheiros, cochichando leis arbitrárias para os demais moradores do lago que deveriam trabalhar, caçar moscas e proporcionar divertimentos para a nova rainha. Até que... Até que alguém se pôs a pensar e questionar isto a que chamamos status quo! Acompanhando a narrativa, estão as bonitas e minuciosas ilustrações de Marco Somà que nos oferece toda a ginga dos confortos modernos à beira do lago: o ventilador, a luminária em art noveau, o jazz, o trampolim, o trapiche, o sidewalk com café, as elegantes roupas de banho e passeio. Quem não quer uma vida boa na beira da lagoa?