Na mesma linha de personagens que nos causam horror, medo ou vergonha, vamos encontrar, neste livro, a pior senhora do mundo que é habilmente pintada com exagero nas palavras do escritor mexicano Francisco Hinojosa e no desenho de Rafael Barajas. Sem papas na língua nem economia nos traços, no melhor espírito da sátira bem-humorada, A Pior é uma péssima mãe e uma vizinha desagradável. Ninguém a pode suportar! A Pior tem dentes pontiagudos, unhas grandes e afiadas, olheiras profundas, mal educada, grosseira, fumando charuto e calçando botas de bico fino, quem vai gostar de sua companhia? Ela pode parecer uma mulher pouco inteligente... ou seria a tremenda de uma astuta?
Neste conto, com sabor de parábola pantagruélica, vemos uma caricatura ridícula a respeito de pessoas que se tornam cruéis, autoritárias e igualmente solitárias na vida. Não há uma só personagem que possa detê-la, mas somente a união de todos os moradores da cidade de Turambul. Eles empregam a estratégia de uma lógica às avessas, dizendo o quanto A Pior é adorável e poderia fazer coisas piores: em vez de beijinhos, pontapés, em vez de afagos, murros e uma bifa na orelha. Ai! Este é um recurso bastante empregado em histórias para crianças latino-americanas e também brasileiras, ao final dos anos mais enclausurados nas décadas entre 1970 e 1990. Embora tenha sido escrita em 1992, a narrativa sobre a pior senhora do mundo nos mostra que ela ainda caminha pesadamente por aí com a intenção de nos tirar o sossego. E as ilustrações do livro dão muito bem conta de mostrar que se trata de uma narrativa de crítica aos maus hábitos. Afinal, de pequenino se torce o pepino!