Nesta fábula do folclore brasileiro, revisitada por Angela Lago, quem narra a história são os bichos que não possuem asa. Tem uma festa programada para acontecer à noite no céu, mas nenhum deles poderá ir. No entanto, uma tartaruga decidiu participar do evento. Imediatamente, todos os animais caçoam dela.
Sem falar nada, bem discretamente, a tartaruga põe em prática um engenhoso plano para fazer parte do festejo, sem precisar ter asas para voar. Assim que chega no alto do céu, a surpresa é geral. Ao ser indagada, a tartaruga responde matreiramente que viera voando e sai rebolando, cantando e sambando. Como ela fez para chegar ao céu, os pássaros só descobririam na viagem de retorno à terra... e, lá do alto, o Urubu-rei decide lançá-la abaixo e o casco da tartaruga, que era lisinho, fica todo quebrado.
As ilustrações de Angela Lago apresentam informações que vão além da narrativa verbal. O enquadramento das imagens é aberto e abarca diferentes acontecimentos em uma única cena, além de permitir ficar visível o contorno curvo do planeta terra.
Parte da tradição oral, esta narrativa possui outras versões. Em uma delas, em vez de ser a tartaruga a participante surpresa, é um sapo quem vai à festa. Na volta, quando ele cai, rasga a boca e fica com os olhos esbugalhados. A Festa no Céu é uma fábula com ares de anedota, mas também pode ser considerada um conto etiológico, pois explica a origem da aparência desses animais, dando destaque também à solução inteligente ao grande desafio das protagonistas.