Uma criança se vê rodeada de acontecimentos paradoxais: a tia gosta de pássaro, mas o prende na gaiola; o vizinho toca música triste e fica feliz com isso; a prima que, quanto mais rodeada de gente, mais solitária se sente... Com um curioso jeito infantil de olhar o mundo, Afonso Cruz apresenta treze situações de incoerência comuns às pessoas. Algumas de fácil explicação, como o espelho refletir os lados invertidos, mas a parte de cima e de baixo se manterem no mesmo lugar. Já outras, de maior reflexão, convidam o leitor a pensar em suas próprias contradições. Quais divergências conseguimos encontrar por aí?
As pistas que indicam que o narrador desta crônica bem humorada é uma criança estão na linguagem e no conteúdo do texto. Um dos detalhes que deixam claro é a comparação de dedos compridos com as longas aulas de matemática, como também a pergunta sobre a razão de se usar óculos quando se tem telescópio. São observações que apresentam o olhar de quem está conhecendo e descobrindo a vida.
Na capa do livro, a ilustração remete à contradição do Sr. Oliveira, administrador do prédio, que olha para os lados antes de atravessar a rua, mas incapaz de ver uma pessoa pobre enquanto caminha por aí... As ilustrações foram feitas pelo próprio autor português, usando unicamente vermelho, branco e preto. A tipografia mistura letra cursiva e letra de forma, sendo a caixa alta muitas vezes utilizada para realçar visualmente as declarações a respeito das contradições.