A onça queria uma casa para morar e começou a trabalhar pela manhã na construção da sua morada. Tirou a tarde para descansar, pois os bichos sabem da importância do tempo de descanso. O bode também queria uma casa e foi construir justamente no terreno planejado pela onça. Trabalhou a tarde todinha e descansou na manhã seguinte. No tempo do descanso de um, o outro trabalhava. Assim, rapidamente, a morada foi erguida e a confusão instalada: afinal, de quem é a casa?
As cores iniciais das páginas, ora lilás, ora laranja, evidenciam uma alternância entre a onça e o bode; manhã e tarde. Porém, quando os dois bichos finalmente se encontram na casa, uma nova cor é inserida na página, indicando uma mudança no tempo da narrativa. Os traços aparentemente ingênuos e inábeis remetem à estratégia da autora de desenhar como uma criança, brincando com a mão trêmula sob o mouse. Ela alcança, desse modo, uma simplicidade simbólica dinâmica e sempre em processo, do inacabado como algo vivo a ser completado pelo leitor.
Nesta divertida história, oriunda da tradição oral, parece que ouvimos a escritora e ilustradora mineira, Angela Lago, recontar a sua versão, com recursos da oralidade. Assim, como as histórias populares, Angela acrescenta seu ponto e encerra o conto.