A poesia é sempre um jogo de relações. Tradicionalmente, uma busca de semelhanças e diferenças entre o som e o sentido da palavra, mas também abraçando o campo das visualidades da página impressa. Nesta obra original de 1978, o autor mineiro Bartolomeu Campos de Queirós lançou mão de um nome, Raul, e o seu inverso no arranjo das letras, luar, e investe em diversas possibilidades de relação.
Raul é um menino que gosta do luar, mas também a luz da lua gosta do menino. Assim é, Raul e luar, um na terra, outro no céu. Mas também Raul é luar, o luar é Raul: eles são dois, são o mesmo, um e outro únicos e múltiplos, transformando-se na própria lua, numa bola luminosa bela e azul. Ou seria amarela, branca ou lilás?
Pois olhe: páginas, palavras e luas mudando de cor, exibindo novas relações pelo espaço do livro... E Raul é a própria bola do luar e bola gráfica, raul que luava e um luar que ruava, passeando ao longo do livro colorido diagramado pelo artista Mario Cafiero.
Com poucos recursos e pleno de sugestões criativas, o poema dialoga com outro poema — “A lua é do Raul”, de Cecília Meireles. Também conversa graficamente com outro livro — Flicts, de Ziraldo, com o seu ritmo diagramático de palavras e cores. Agora me diga se poesia é ou não é sempre um jogo de relações...