No começo eram apenas quatro esquilos cinzentos, bem parecidos entre si, que se depararam com uma única noz. Enquanto estão ocupados disputando o fruto, aparece outro grupo de roedores aparentemente idênticos, não fosse a pelagem de outra cor mais escura e castanha.
A cada passar de páginas, um novo grupo de esquilos aparece, com o mesmo desejo desenfreado de ter a noz exclusivamente para si. A proporção da disputa apenas cresce e os pequenos esquilos estão tão concentrados no conflito que já nem percebem quando uma ameaça externa vem tomar a noz.
Neste livro de imagem do colombiano Dipacho, não são as palavras que contam a história, mas sim as ilustrações e as lacunas deixadas entre elas. Mães, pais e cuidadores em geral não precisam contar para os pequenos sua interpretação do que está acontecendo. Ao contrário, podem se render ao silêncio, deixando espaço para que as crianças façam sua própria leitura, contribuindo assim para desenvolver as habilidades de compreender e refletir sobre o que nos diz a tessitura visual.
Esta é uma obra que fala tanto sobre a ganância e o acúmulo irracional de riquezas, quanto sobre a desigualdade e a desunião. Um exemplo primoroso de por que, em alguns casos, uma imagem realmente permite narrar e refletir mais do que mil palavras.