Para fazer este livro, a escritora e ilustradora espanhola Olga de Dios usou três cores: um amarelo forte, um verde diferente, um rosa especial e desenhou três personagens também muito diferentes e especiais: Tuto, Catalina e Kasper. Quem eles são, o que eles são? Talvez uma bola, um bicho orelhudo e uma girafa de pescoço curto, talvez um pato de óculos, um brinquedo de pelúcia e um mascote com pintas pintadas pelo corpo: quem eles são, apenas o leitor poderá decidir...
Os três pretendem passar uma tarde com a amiga Leotolda, contudo ela não está em casa. Eles a procuram por toda a sala-copa-cozinha conjugada, procuram no armário-guarda-roupa que eles descobrem guardar uma passagem para outro mundo: percorrem o Parque dos Dinossauros, chegam à Praia das Sereias, ou seriam Tritões? Pois é assim, brincando com leituras e decifrações dúbias que a autora conduz o leitor a uma realidade onde pessoas, bichos, coisas e seres buscam conhecer e entender uns aos outros por suas qualidades, gostos e comportamentos próprios.
Leotolda, dizem os personagens, é grande, redonda, alegre, canta mal, diz o que pensa... Porém, Tuto, Catalina e Kasper não a conseguem encontrar nem mesmo numa ilha distante onde está o Farol do Fim da História. Seria mesmo o fim da história, sem esbarrar com a amiga Leotolda?
Ora, lembrando as peripécias do poeta e dramaturgo Luigi Pirandello, a irreverente Olga de Dios busca encenar no livro novos lugares — uma espécie de ecologia da diversidade —, renunciando estereótipos na construção das personagens, o distanciamento do leitor na construção de uma narrativa e a própria arquitetura das páginas, abertas não só à imaginação mas igualmente à ação da criança.