Todos os dias, Luiza cumpre seus rituais ao acordar, brincar, almoçar, ir à escola. E de cada ritual participam muitos elementos que são nomeados. São cenas comuns que de imediato podem promover uma identificação do pequeno leitor com a personagem. Mas a inusitada presença de um jacaré entre esses elementos quebra o previsível e aquece a cena, provocando grande expectativa a cada virada de página.
A história, oriunda do cotidiano em família do cronista Antonio Prata, caminha entre a formalidade e a risadaria, como se a vida seguisse uma linha reta e de repente, pico de riso. Este conto de repetição vai colar em ti. Não somente pelo deleite que é a leitura, mas porque ganha lugar especial no bem-querer das crianças, "Lê de novo!" E, se eu fosse você, arriscaria a leitura em voz alta para um grupo de crianças (primos, colegas da escola, vizinhos). Os olhos atentos, os espantos e as gargalhadas valem tanto!
A proposta estética visual casa muito bem com o bom-humor do texto. O traço da artista Talita Hoffmann oferece à história um lugar entre o real e a fantasia com abuso de cores, tons e formas. Apresentar diferentes artes às crianças é uma maneira de lhes conferir familiaridade com o diferente, o que provavelmente reverbera no laço social.