Manuel é um menino como qualquer outro que, de repente, começa a crescer e ficar gigante como seus pais. Primeiro foram os pés que cresceram, depois os olhos, depois o corpo todo. O que torna o menino diferente e único é também o que mais lhe causa medo de não ser aceito. Até mesmo para de jogar futebol por receio de esmagar os amigos com seus sapatos enormes, contudo são esses mesmos sapatos que passam a dar carona para as outras crianças em excursões incríveis.
Quando se torna gigante por inteiro, Manoel tem certeza de que deverá abandonar a escola, pois, afinal, não cabe mais dentro do prédio. Mas não é que os amigos passam a ter aulas no pátio, para que ele possa participar também?
Pablo Albo nos oferece uma bonita narrativa que pode ser lida tanto pelo prisma das mudanças pelas quais todos passamos na transição da infância para a puberdade, quanto pelo ângulo da inclusão e do relacionamento com pessoas que são diferentes de nós, sejam quais forem essas diferenças. As ilustrações de Aitana Carrasco ajudam a contar detalhes da história que não são ditos pelas palavras e merecem uma investigação atenta, diálogo e reflexão, tanto por parte do pequeno leitor quanto dos adultos que o acompanham.
Aliás, a obra como um todo pede que façamos justamente isso: paremos para pensar e refletir sobre quem somos nós, o que nos difere dos demais e, sobretudo, como tratamos aqueles que são diferentes. Um chamado urgente para lembrarmos que o afeto que nos une precisa ser maior do que tudo.