Xe rera Yaguarê, se amazunaguára. Xe myra i Maraguá.
(Meu nome é Yaguarê, sou do Amazonas e meu povo é Maraguá)
Morador da aldeia Yaguawajar, na região do rio Abacaxis entre os municípios de Nova Olinda do Norte e Borba, Yaguarê Yamã nos apresenta sua origem e seu idioma como afirmação da identidade de seu povo.
Xe saisubyra aramem, se a nhe’eng a saussub indé.
(Quando estou apaixonado, falo eu te amo.)
Koêma aramem a nhe’eng ará poranga.
(Quando é de manhã eu falo bom dia.)
Inúmeras palavras que usamos no dia a dia são de origem tupi e possuem significados que nem imaginamos. Passamos férias em Ubatuba, visitamos familiares em Guaratinguetá, tomamos café da manhã com tapioca e suco de abacaxi, na sessão de cinema pipoca não pode faltar e nos dias de calor sem açaí não dá, mas pouco sabemos a respeito da nossa própria história e ainda temos muito para conhecer sobre os povos originários, seus saberes e sua cultura que são nossas também.
Do rico universo das línguas indígenas existentes à chegada do colonizador, grande parte encontra-se extinta, sobrevivendo pouco mais de cento e cinquenta idiomas, de acordo com Luciana Storto, professora do Departamento de Linguística da USP. O tupi permanece como o maior tronco linguístico em nosso país, com quarenta línguas vivas ainda hoje. São inúmeras singularidades, o que inclui uma linguagens de sinais (urubu kaapor), assovios (pirahã) e tonais (tikuna e suruí).
Assim, nos aproximando da cultura e do idioma Maraguá, estamos descobrindo muito mais sobre nossos ancestrais e sobre nós mesmos. As ilustrações de Geraldo Valério ressaltam aos olhos pelo contraste do colorido e das formas geométricas com o fundo branco. Foram criadas a partir de colagens com papel de revista e de embrulho, representado a força da diversidade da nossa fauna e flora e, indo além, homenageando a arte e a cultura dos povos indígenas.