Num lindo dia nas montanhas... Sol quente e leve, o bondoso BoBo dispunha uma mesa à frente de sua caverna: bolo de nozes para os esquilos de cauda felpuda, pudim de sementes para os passarinhos, salada de repolho para os orelhudos coelhos e pequeninos nacos de queijo para os camundongos. Então chegou o Esquisitão. O homenzinho da montanha olhou bem e achou que o estranho parecia meio cachorro meio girafa, com uma fileira de escamas azuis descendo da cabeça até a ponta do rabo. Perguntou: que animal você é? E a criatura respondeu: eu sou um aminal!
Qualquer pessoa, pai ou criança, até mesmo um anão de um conto mágico, sabem que não existem aminais pelo mundo afora — ao olharmos as ilustrações, sabemos também que se trata de um filhote de dragão mas, como todo filhote humano ou não, tem hábitos terríveis como trocar as letras, embaralhar palavras e viver sempre feroz e faminto. Pois o Esquisitão chegou pra confusão, nenhum doce nem salgado lhe apetecia. O negócio dele era roubar bonecas de meninos e meninas, então devorá-las! Você pode imaginar o gosto de plástico? Ou porcelana, pano, sujeira, sabonete, chulé, que gosto tem os seus brinquedos?
De um jeito simples, brincando com a sonoridade de algumas palavras e repetições de frases que a tradução manteve, Wanda Gág escreveu e ilustrou seu próprio conto mágico em 1929. A história retrata simbolicamente uma dimensão da infância bastante significativa, quando nos imaginamos temíveis, devoradores, papando o mundo como fazem lobo, ogro ou dragão!