Uma homenagem, uma poesia, uma lição de vida. Irene Vasco nos fala de aprendizagens individuais, coletivas, do respeito e reverência à arte da narração oral, aos povos antigos e às lendas sobre as quais foram construídas grandes e importantes partes da nossa nação.
A história se passa no coração da Amazônia, em um povoado chamado Delícias, onde vivem apenas cinquenta famílias indígenas. A professora recém-formada viaja muitas e muitas horas até chegar ao destino e, apesar de tantas dúvidas e incertezas, se fortalece nos livros que carrega consigo, pois, segundo ela mesma, fazem com que se sinta segura onde quer que esteja.
Ao chegar, encontra crianças ávidas por aprender e apaixonadas pelas histórias dos livros que ela trouxe. No entanto, também encontra adultos e anciãos que falam uma língua que ela não compreende.
O imenso rio que se estende ao lado do povoado alterna papéis ao longo da narrativa. É pano de fundo e protagonista; passado, presente e futuro. Em um dia de grande tempestade, transborda a ponto de se transformar numa grande serpente, mudando os rumos da história dos personagens. Em especial, a professora passa a compreender verdadeiramente o significado das palavras de Cora Coralina: “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”.
Não bastasse a perfeição do texto de Irene Vasco para contar sobre Delícias e seu povo, as ilustrações de Juan Palomino são imensas tanto em tamanho quanto em beleza. O livro merece muito mais do que apenas uma leitura. A investigação detalhada das palavras, ações e aprendizagens dos personagens, bem como do encantamento das lendas, histórias e paisagens amazônicas retratadas na obra.