Lançamento exclusivo do Clube Quindim, a obra de María José Ferrada mostra, com perfeição, uma das marcas da escritora chilena, tratando, com sutileza e profundidade, de temas efêmeros, como a passagem do tempo, a vida e a morte, a infância e a velhice, por vezes tão difíceis de colocar em palavras.
Nesta obra, María José nos faz pensar a respeito da origem das coisas. Enquanto parece mais fácil indicar de onde vieram e para onde vão as sementes e as frutas, outras tantas a menina Maria (a personagem que compartilha do mesmo nome que a autora) sabe apenas aquilo que pode ver ou tocar, isto é, o momento presente.
Por sua vez, as ilustrações de Miguel Pang Ly parecem como saídas de um sonho. As cores, o tamanho e o movimento das árvores, os animais que vivem uma história paralela, tudo merece uma observação mais cuidadosa. O que podemos apreender daquilo que não é dito através de palavras? Nuvens, estrelas, insetos, peixes, tudo o que pende das árvores no jardim de Maria tem um tempo próprio e especial, mas nem sempre um por quê. Podemos passar a vida tentando descobrir e entender as razões, ou desfrutar do que esses mistérios nos oferecem, agora.