O preço dos livros muitas vezes é um tema que suscita paixões e debates acalorados. Há quem acredite que o livro é caro no Brasil e que o preço aumenta a cada ano. Mas será verdade? O que dizem os dados?
Um livro não se limita apenas ao custo de produção física. Não é só o custo gráfico que está em jogo. É uma cadeia complexa que envolve muitos profissionais desde os autores até os distribuidores. Todos precisam ser bem remunerados.
PREÇO (OU A SUA PERCEPÇÃO) E RENDA ANDAM JUNTOS
No Brasil, de acordo com dados do Painel do Varejo de Livros no Brasil, o preço médio de um livro ao consumidor era de R$ 44,56 em dezembro de 2023. Esse valor pode ser caro para uns e barato para outros. Vai depender muito de quanto essa pessoa ganha.
De acordo com estimativas do Ipea, a renda média do brasileiro era de R$ 3.034 no fim de 2023. Considerando as duas médias, a do livro e a do rendimento, um livro “comeria” 1,46% da renda de um brasileiro comum.
No entanto, para um brasileiro que ganhava um salário-mínimo em 2023, um livro equivaleria a 3,35% do seu salário, mais do que o dobro do brasileiro médio.
Em 2016, o preço médio do livro ao consumidor era de R$ 37,26. Através da calculadora de inflação do IBGE, temos que o custava R$ 37,26 em dezembro de 2016 custaria R$ 53 em dezembro de 2023. Neste período, a inflação foi de 42,25%, segundo o IPCA.
No entanto, se a gente relembrar o que já falamos anteriormente, o preço médio do livro ao fim de 2023 era de R$ 44,56. Ou seja, o preço do livro sequer foi corrigido conforme a inflação!
Como se vê, o tema “livro é caro” é permeado por muitas variáveis, que vão muito além do simples valor monetário. É preciso ter em mente alguns pontos:
> o que custa para produzir um livro; > que o preço do livro sequer acompanhou a inflação nos últimos anos; > que a percepção de preço varia conforme a renda; > que há uma demanda decrescente pelo livro, com menos leitores.