E BRANQUITUDE

ESCOLA ANTIRRACISTA

por Elizabeth Cardoso

É fundamental discutirmos a urgência de as escolas enegrecerem o RH (contratar professores, coordenadores e diretores negros e negras) como uma das ações possíveis para a construção de uma escola antirracista.

Para explicar a importância deste enegrecimento, considero fundamental abordar o conceito de branquitude, pois a escola antirracista deve necessariamente dimensionar e questionar sua branquitude. 

Por ora é suficiente destacar que branquitude é sobre como a sociedade concede privilégios às pessoas que são identificadas como brancas, independentemente de sua classe social ou cultural.

A construção da branquitude é silenciosa, antiga e permanente. Começa na colonização com a escravidão e atravessa os séculos com toda a maquinaria social reafirmando a imagem da pessoa negra de modo inferior, negativo.

Pessoas brancas são consideradas mais bonitas, mais inteligentes, mais comprometidas, mais honestas e confiáveis que as pessoas pretas e pardas, dizem diversas pesquisas, como a desenvolvida pela Universidade de Harvard, que envolveu 150 mil pessoas e confirma que rostos negros são associados a palavras negativas.

Cabe acentuar que branquitude e negritude não são antônimos. Negritude é afirmação política de pessoas negras por sua identidade negra. Branquitude é construída no silêncio, pois as pessoas brancas não se veem como racializadas: o europeu branco e seus descendentes se veem como universais, apenas os outros têm raças. 

Uma escola antirracista deve ter consciência de sua branquitude. As escolas com pouquíssima ou nenhuma diversidade racial precisam se repensar com urgência. Quais as implicações de uma escola com essa característica? Como mudar esse quadro?

O departamento de recursos humanos deve ser enegrecido com a admissão de educadores, bibliotecários, gestores negros e negras. E, uma vez garantida a presença, que se garanta também a convivência com os afro-valores de vestimenta, de religiosidade, de saberes, de princípios, de currículos, de formações. 

Não é possível continuarem contratando pessoas negras esperando (exigindo) que elas se embranqueçam para “se adequar à escola”, proibindo uso de turbantes, não reconhecendo intelectuais e autores negros e negras nas bibliografias e nos materiais didáticos, permitindo vocabulário racista, entre outras tantas atitudes.

Veja a discussão completa