Quem tem proximidade com crianças pequenas que têm irmãos sabe bem: em um instante se amam e brincam juntas, no próximo se detestam e não param de brigar. Esse contexto pode deixar as famílias enlouquecidas, mas é importante saber passar pelos conflitos da melhor maneira possível, compreendendo se tratar de uma fase.
Na relação entre irmãos, a convivência entre os pequenos acaba por ser de extremo aprendizado, ensinando a compartilhar espaços, objetos e até os afetos dos familiares. É, além disso, uma oportunidade para aprender a conviver com diferenças e para estreitar laços com quem tem tudo para ser um companheiro para a vida toda.
A chegada de um irmãozinho
A verdade é que a chegada de uma nova criança na família mexe com todos os papéis, altera toda a ordem. Tem uma mãe que será mãe de dois, um pai que será pai de dois e uma criança que até então estava sozinha e se transforma no irmão mais velho. Segundo o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, é importante lembrar também que a ordem de nascimento de cada criança molda sua experiência, e só o mais velho terá a recordação de amor exclusivo dos pais – o que pode gerar culpa familiar, em comparação à dedicação ao pequeno.
É comum, dessa maneira, que os pais tentem equiparar atenção e compensar esse momento com as crianças. Entretanto, faz parte da história do segundo filho chegar no contexto de divisão da família. Sob a perspectiva da criança, o psicólogo explica que o filho mais velho vivencia também uma experiência de pós-parto, de despedida dá atenção exclusiva, o que pode causar ciúme, regressão de comportamentos e por aí vai. Diante disso, o especialista recomenda que a família compreenda a fase pela qual a criança está pensando, que mostre acolhimento e compreensão da dificuldade. Assista ao vídeo do psicólogo na íntegra sobre o assunto.
Para apoiar as famílias, separamos alguns livros sobre o assunto, um excelente recurso para ajudar crianças a passarem por esse momento.
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4 livros que falam da relação entre irmãos
Quando você não está aqui
Parte da seleção do Clube Quindim, o livro de María Hergueta explora o sentimento tão comum que os irmãos mais velhos têm de desejarem o desaparecimento dos irmãos mais novos. Aos olhos dos pais, esse desejo pode parecer incômodo e difícil, mas é muito compreensível dentro da relação entre irmãos.
Afinal, quando o caçula não está, o mais velho pode relembrar o que é ter o lar, os brinquedos e até os pais só para ele, realidade que vivenciava antes da chegada do irmão. Claro que há muita ambiguidade envolvida, e da mesma maneira o mais velho sente falta do mais novo também. Muito sensível, a obra pode ser interessante para explorar essa mistura de sentimentos.
Eu (não) gosto de você!
Quantas mudanças se instalam com a chegada de um bebê! O livro de Raquel Matsushita mostra justamente essas transformações que aparecem desde a gravidez, mas sob o olhar filho mais velho.
Ele percebe que a barriga da mamãe cresce, que seu humor muda e fica sabendo que bebês pequenos só mamam e dormem. Com tudo isso, pode levar um pouco de tempo até que a criança se afeiçoa ao irmão, o que é totalmente normal na relação entre irmãos e surge com delicadeza nas páginas deste livro.
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Eu só, só eu
Para a criança pequena, o mundo gira ao seu redor. Freud fala, aliás, que o amor infantil é ilimitado, exige a posse exclusiva e não se contenta com menos do que tudo. Assim, aos olhos infantis, o quarto deve ser só dele, o balanço, a comida da avó…
Mas como isso pode ser alterado pela chegada de um irmãozinho? Muito sonoro, o livro de Ana Saldanha com ilustrações de Yara Kono explora justamente essa transformação e fala da relação entre irmãos.
Tudo muda
O que uma criança pode esperar a partir da chegada de um irmão? Tudo lhe parece muito abstrato: como a vida ficará, como é o comportamento de um recém-nascido, a atenção que a família precisará dar ao bebê etc. Esse mistério serve de ponto de partida para Anthony Browne, autor vencedor do Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante prêmio de literatura infantil.
No livro, o pai de Gregório sai de casa alertando a criança de que as coisas estariam prestes a mudar. Mas como exatamente? Será a chaleira da cozinha? Será a pia, o sofá? O garoto usa a imaginação para compreender a fala do pai, até que a mãe volta com um bebê nos braços.