Homem Pateta: saiba como proteger as crianças deste novo perigo
Leonardo Ponso
Depois de outros sustos, como Baleia Azul e Momo, o novo personagem Homem Pateta é decerto mais um sinal de alerta da importância de monitorar os conteúdos que os pequenos assistem na internet.
Nos últimos dias, o Homem Pateta começou a ganhar popularidade nas redes sociais, especialmente no Facebook.
Presente em perfis com o nome de “Jonathan Galindo” e suas variações, o personagem, com corpo de humano e rosto do Pateta, amigo do Mickey, passava a enviar brincadeiras e jogos para crianças. Até que, por fim, conseguisse contato direto com elas, o início de algo bem perigoso.
No contato, o personagem assustaria as crianças e pediria que elas realizassem desafios. Sendo que o objetivo final deles poderia envolver até o suicídio. De maneira similar ao que vimos em desafios passados, como o Desafio Momo e o Desafio da Baleia Azul.
Continue conosco para entender melhor sobre este novo personagem virtual. De onde ele surgiu. E, especialmente, quais são os cuidados que você deve tomar para proteger seus filhos, sobrinhos, netos e outras crianças.
Veja também: Desafio Momo: como proteger crianças e jovens dos perigos da internet
De onde surgiu o Homem Pateta?
O personagem que viria a ser chamado de Homem Pateta é originalmente uma obra de 2011 de James Fazzaro, cineasta e artista de efeitos visuais. Ele quis demonstrar o uso de prótese e maquiagens para a criação de personagens e a divulgação da sua empresa, a JMF Filmworks.
Outros personagens e aplicações vieram depois. Mas queremos dizer com isso que, originalmente, não há indícios de ter sido criado um Homem Pateta com o intuito de assustar crianças ou colocar suas vidas em risco. A criação foi feita em um fórum aparentemente sem ligação com o público infantil.
Os perfis com nome de Jhonatan Galindo
Um vídeo do youtuber mexicano ELReyDelRandom, de 9 de janeiro de 2017, a princípio parece ser a primeira citação a um perfil chamado de “Jhonatan Galindo”. No conteúdo, dizia-se que aquele perfil não deixaria as pessoas dormirem, além de também ter exibido imagens do boneco.
Depois disso, outros youtubers começaram a gravar histórias sobre o mesmo perfil, criado em meados de julho de 2016. Mas ele só começou a ficar mais famoso justamente por conta desses vídeos. Atualmente, o perfil já está banido do Facebook.
Ao que tudo indica, as criações de James Fazzaro foram a “fonte” das fotos que abasteceram o primeiro perfil com o nome de Jhonatan Galindo, o qual, ao que parece, não tem qualquer ligação com Fazzaro.
Outros perfis parecidos foram criados depois disso, tanto com o mesmo nome quanto com variações como “Jonathan Galindo” e “Johana Galinda”, por exemplo, geralmente com uma foto de algum dos personagens de James Fazzaro.
Mesmo que aparentemente o personagem que ficou conhecido como Homem Pateta tenha sido criado apenas para a divulgação das técnicas de um cineasta, as movimentações das redes sociais fizeram que a história levasse um caminho totalmente diferente.
É por isso que devemos prestar muita atenção nas implicações que ela está causando nas mídias sociais e nos perigos dessa questão para os pequenos.
O assunto, inclusive, ganhou muita notoriedade nos últimos dias. Como podemos ver no Google Trends, ferramenta que mostra tendências de pesquisas, as buscas pelo termo “Homem Pateta” tiveram um leve aumento a partir de 24 de junho. E picos bem acentuados em 27, 28 e 29 de junho.
Veja também: Os perigos do uso de tablets, celulares e telas por crianças
Homem Pateta ganha destaque nas mídias
A Polícia Civil de Santa Catarina, em conjunto com o Núcleo de Inteligência e Segurança Internacional (NIS) do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) e a Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude (Ceij) do TJSC trouxeram destaque à questão.
Os órgãos alertaram pais, professores e responsáveis por jovens e crianças a tomar cuidado com perfis chamados “Jonathan Galindo”. Responsáveis por assustar crianças com conteúdos de terror e mensagens que podem induzir ao suicídio.
No programa Encontro com Fátima Bernardes, a delegada Patrícia Zimmermann D’Ávila alertou os pais sobre o perigo da situação. Além disso, uma mãe disse ter passado por uma situação difícil com um dos perfis em relação ao seu filho.
O garoto perguntou se poderia dormir no quarto da mãe e aparentou estar com muito medo. Então, depois de ela tê-lo perguntado sobre o que havia acontecido, o garoto teve uma forte crise de pânico e disse que viu um vídeo, em um perfil de Jonathan Galindo, que mandava o garoto se jogar de um prédio.
Veja também: Estamos conectadas demais? Benefícios e consequências do excesso de tecnologia
Como agem os perfis de Jonathan Galindo, com a foto do Homem Pateta?
Esses perfis, geralmente com poucas postagens, começam a mandar imagens, mensagens e desafios para as crianças. Além de pedir que elas os enviem uma mensagem privada.
É neste momento que eles começam a agir mais intensamente. O retorno, que pode ser feito por mensagens, áudios, vídeos e até chamadas de vídeo ao vivo, certamente visa a trazer medo, desconforto e sentimentos ruins aos pequenos, além de, em alguns casos, tentar provocar o suicídio.
Essas informações são de Ivan de Souza Castilhos, agente da Polícia Civil de Santa Catarina e integrante do NIS.
Patrícia Zimmermann, que participou do programa Encontro com Fátima Bernardes, é coordenadora das DPCAMIs (Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso) em Santa Catarina e deixa a recomendação para que os pais e responsáveis acompanhem o que os menores acessam na internet.
De acordo com ela, “[…] deixar um filho sozinho na internet é o mesmo que abandonar uma criança no meio da rua numa madrugada”, o que pode ser muito perigoso para os pequenos, tanto pela ameaça do Homem Pateta quanto por quaisquer outros problemas.
Veja também: Educação midiática: a alfabetização fundamental nos novos tempos
Como proteger as crianças e adolescentes dessa e de outras ameaças virtuais?
Nós já comentamos por aqui sobre os perigos do uso de tablets, celulares e telas por crianças. O que, em excesso, pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo, neurológico e comportamental das crianças, mas o que elas acessam também é um detalhe crítico.
Algumas dicas para te ajudar neste sentido. Seja para proteger os pequenos contra o Homem Pateta ou mesmo contra qualquer outro perigo na internet, são as seguintes:
Sempre monitore o que as crianças e adolescentes estão fazendo na internet. Dada a facilidade com a qual é possível acessar a todo tipo de conteúdo.
Instrua os pequenos para que, caso vejam alguma coisa estranha na internet, parem de fazê-lo imediatamente e chamem seus pais ou responsáveis para mostrar o que é aquilo.
Bloqueie sites perigosos para que as crianças não consigam acessá-los.
Oriente os pequenos sobre os perigos da internet e das redes sociais. Ainda que elas façam parte da nossa realidade, é importante deixar claro que há pessoas reais por trás daqueles conteúdos e que, por isso, todo cuidado e pouco.
Converse abertamente com as crianças e peça para que elas a chamem caso vejam qualquer coisa estranha.
Especificamente em relação ao Homem Pateta, fale para que os pequenos tomem cuidado com perfis desse tipo. Caso eles encontrem alguma coisa estranha, instrua-os para que chamem os pais ou responsáveis imediatamente.
Se você, adulto, tiver acesso a alguma troca de mensagens ou, por exemplo, qualquer conteúdo estranho sobre o Homem Pateta, guarde essas mensagens e faça um boletim de ocorrência, o que pode ajudar bastante nas investigações.
Se você se deparar com algum perfil ou página de nome “Jonathan Galindo” ou algo parecido, geralmente com a imagem de perfil do Homem Pateta, denuncie imediatamente na rede social.
Caso a criança ou mesmo você precise de apoio emocional, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo telefone 188 ou pelo chat no site da própria instituição.
A participação dos pais, avós, tios e responsáveis é muito importante para combater a ameaça do Homem Pateta e qualquer outra que possa surgir. Já que essa não é a primeira e infelizmente não deve ser a última. Faça a sua parte para garantir a segurança e a saúde emocional e psicológica dos pequenos na internet!
* Com informações de Canaltech, e-Farsas, Gshow e Polícia Civil de Santa Catarina.