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Volta às aulas pós-pandemia pode gerar ansiedade de separação? Confira dicas para enfrentar esse momento

ansiedade de separação

Em março de 2020, a pandemia de causada pela Covid-19 alterou a rotina de todos, mas para as crianças em idade escolar e seus pais a adaptação para estudar em casa exigiu um esforço ainda maior. Este ano, o caminho de adaptação parece ser inverso. Em muitas cidades, as escolas planejam para o retorno das aulas presenciais e, enquanto alguns pais e mães querem logo que os filhos retornem à rotina escolar fora de casa, também existem famílias sofrendo antecipadamente com a ansiedade de separação.

Não é à toa. Foram muitos meses de convivência bastante próxima durante o isolamento. Agora, alguns pais não estão apenas receosos com a possibilidade de contágio pela pandemia mas também com esse distanciamento dos filhos. Nas crianças, o estresse é parecido. O Clube Quindim conversou com a psicóloga Stephanie Sonsin para entender a melhor forma para lidar com este momento.

Primeiro de tudo, é preciso entender que a chamada ansiedade de separação pode ser sentida tanto pelas crianças quanto pelos pais. Para a psicóloga, a quebra de rotina, ou seja, algo que estava sendo estabelecido na vida adulta e de repente se transforma também pode gerar ansiedade, angústia e sofrimento para eles. “Isso pode ser desde a separação conjugal, mudança de cidade, ou de emprego, mas também a passagem do homeschooling [ensino domiciliar] para a volta às aulas presenciais”, afirma.

Entender e trabalhar a volta às aulas de forma que não seja mais uma das sobrecargas emocionais da quarentena é um desafio, mas que passa pela criação de uma nova rotina. De acordo com Stephanie, é preciso que essa adaptação aconteça de uma forma leve, porém sem desconsiderar que se trata de uma transição para um novo momento. E isso inclui um novo ritmo. “É essencial que a família busque criar momentos juntos depois dessa transição. Quando retornam à casa das suas atividades, que estabeleçam um tempo juntos para conversar, assistir à televisão juntos, para não romper com esse convívio”, explica.

Veja também: Brincar com as crianças: o que isso pode ensinar aos adultos nessa quarentena

Preparação deve começar cedo e ser intencional para evitar a ansiedade de separação

No período após a volta às aulas e aos trabalhos presenciais, a dica mais importante para os pais é observarem seu comportamento e apostarem na intencionalidade. “Quando os adultos conseguem prever uma mudança na rotina, como é o caso de agora, é preciso que a preparação seja intencional. Quanto antes os pais se precaverem e planejarem esse novo período para a família, melhor”, considera. Veja algumas dicas da psicóloga para preparar a rotina de volta às aulas.

E o diálogo, como sempre, é fundamental. Estar atento a essas mudanças e falar sobre elas faz a criança se sentir segura e ameniza a ansiedade de separação. “Para algumas crianças funciona assim: ‘as coisas mudaram, mas minha mãe já falou que isso ia acontecer, já estou preparado’. Mesmo que para algumas crianças isso gere sofrimento, essa preparação faz que isso seja mais bem organizado quando ocorre uma conversa, um planejamento antes”, enumera a psicóloga.

Por isso, a antecipação desse assunto e do próprio retorno para as crianças funciona como um conforto e, ao contrário do que se possa pensar, não gera mais sofrimento por ser trabalhado por mais tempo.

Stephanie lembra que, mesmo que essas dicas sirvam para outras situações que envolvem separação para os pequenos, nem todas as mudanças são planejadas, como possivelmente é o caso da volta às aulas e volta ao trabalho (que são anunciadas com alguma antecedência). A psicóloga ressalta que a conversa prévia e a reorganização nas rotinas facilitam na transição tanto de crianças como de adultos.

Quando a ansiedade de separação precisa de um olhar mais atento

Ao perceber que a situação de separação está atrapalhando de forma considerável o cotidiano da criança, sua aprendizagem ou o relacionamento com a família e os amigos, trata-se de um sinal de alerta. “Se a criança se queixa muito de uma dor, recusa-se a brincar, tem náuseas, ou até vômitos, chora excessivamente ou prefere ficar sozinha, esses são sintomas que precisam ter um olhar diferenciado”, destaca.

Nesse caso, a profissional indica uma intervenção. Já sinais mais leves e esperados, como chorar ao dar tchau para os pais e depois se acalmar ou se distrair com alguma brincadeira, são bastante comuns. A intensidade e a repetição desses choros deve ser observada pelos pais, porque podem atrapalhar o cotidiano do pequeno em atividades que até então eram simples para ele.  

Veja também: Brincadeira de criança: conheça a melhor para a idade do seu pequeno

A importância da rotina e da resiliência quando há mudanças inesperadas

Todas essas questões envolvem algo importante para as crianças: a rotina, que traz o sentimento de pertencimento. Quando bem estabelecida, a rotina auxilia a criança a se nortear no ambiente e se sentir segura com as possibilidades. Para a psicóloga, no momento em que existem mudanças consideráveis – por exemplo na transição de estudar em casa para a volta das aulas presenciais – é preciso que os pais preparem a nova rotina, para que ela seja satisfatória para a criança se desenvolver e se sentir segura.

É importante a resiliência e a ajuda dos pais para as crianças manejarem essas mudanças não previstas, imposto através de um laço social, caso da pandemia, ou uma demanda da família. “Embora a gente tenha estações – por exemplo, tem o período letivo, depois férias escolares, depois mudança de ano na escola –, a pandemia nos ensinou que pode haver uma quebra que nem sempre é planejada, nem sempre o ciclo ocorre da forma que queremos”, reflete Stephanie.

Uma outra ação importante para os pais, segundo ela, é: aprender a dizer o óbvio para as crianças. “Os adultos às vezes têm dificuldade de explicar o óbvio para as crianças, ou seja, olhar nos olhos, explicar cada ponto, detalhar ou repetir até que a criança realmente entenda o que está havendo. Isso traz para a criança segurança e saúde emocional”, conclui. Você também pode conferir um pouco mais sobre a saúde mental infantil em nosso blog!

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