COMO LIDAR?
Ser uma criança tímida ou introvertida representa um problema? Primeiro, é preciso esclarecer uma confusão bem comum: muitas vezes usados como sinônimos, timidez e introversão não são a mesma coisa.
Marcela Bueno, psicóloga com especialização em neuropsicologia e terapia cognitivo-comportamental, explica que enquanto a pessoa introvertida gosta de ficar sozinha e se sente confortável com poucas pessoas, a tímida luta contra esses sentimentos.
A timidez na infância, segundo Bueno, é relativamente comum, já que as crianças estão constantemente diante de situações novas e desconhecidas. O problema é quando alimentamos esse medo: a timidez vai se acentuando e passa a ser mais difícil de sanar.
“A timidez tende a ser um problema quando a criança deixa de fazer coisas que gosta de fazer, que fazem parte de seu cotidiano, por medo excessivo da rejeição. [...] Ela impacta quando paralisa a criança a ponto de impedi-la de fazer coisas que ela gosta ou que são necessárias para seu bem-estar.”
Já a introversão não é problemática em nenhum nível. Ela se refere a crianças que tendem a gostar da própria companhia, a preferir fazer atividades sozinhas, mas que, quando querem e quando precisam, são sociáveis. O medo não as impede de nada. A criança introvertida só age diferente do que a maioria espera dela.
E o que fazer quando a timidez em excesso atrapalha de fato o dia a dia dos filhos? Primeiro, devemos acolher aquele sentimento, sem forçar a criança a agir de uma maneira que a deixe desconfortável, criticar seu comportamento ou mesmo rotulá-la.
Além do rótulo, outro erro comum é a superproteção. Muitos pais e mães tendem a tentar proteger demais os filhos que consideram tímidos, achando que vão ajudá-los, mas o resultado acaba sendo o reverso: a criança tende a se fechar ainda mais, entrando em um círculo vicioso.
No lugar da proteção excessiva, Marcela Bueno sugere que os pais estejam ao lado dos filhos, incentivando seu comportamento, aos poucos, sem exposição.