Você já ouviu falar que é preciso uma vila para criar uma criança? O provérbio africano faz todo sentido – se você é mãe certamente sabe como ter ajuda é fundamental – e impulsionou o conceito da rede de apoio. É a ideia de que os pais de uma criança tenham um grupo de pessoas com quem contar, e isso vale desde uma ajuda com o filho até um suporte para que o casal possa respirar, tomar um banho ou ter algo para comer.
No entanto, apesar de fazer muita diferença na vida das famílias e aparecer a rodo pela internet, é algo que não parece tão fácil de ser instaurado nas nossas vidas. Para ajudar pais e mães nesse processo, listamos algumas dicas que podem ajudar na construção de uma rede de apoio.
1. (Só) família não é rede de apoio
Muita gente acha que rede de apoio é ter mãe e irmã por perto para, por exemplo, ficar com o bebê enquanto você toma um banho. Mas o que acontece quando a família não pode? Essa situação pode gerar frustração. Além disso, por ser uma relação de intimidade, muitas vezes é difícil impor limites diante de familiares. Há ainda o caso de familiares que vivem em outras cidades ou que não têm tempo disponível para ajudar. Por isso, é interessante não contar só com essas figuras, tendo sempre a delicadeza de respeitar o espaço e o acordo de todos os envolvidos nessa relação.
2. Explique do que você precisa
As pessoas nem sempre sabem o que a gente espera delas, principalmente no período do pós-parto. É comum, por exemplo, achar que tudo o que uma mãe quer é que uma visita pegue o recém-nascido no colo para lhe dar um tempinho. No entanto, muitas mães podem se sentir invadidas com isso, e desejar primordialmente um cuidado com elas: atenção, ouvidos livres para desabafo ou uma comida gostosa. Não hesite em deixar claro o que você gostaria de receber para não gerar atritos e frustrações.
3. Tarefas para rede de apoio
Outra forma interessante de estruturar a rede de apoio é prepará-la já durante a gestação com uma lista de tarefas pregada em um lugar bem visível, como a geladeira. A ideia é reunir todo mundo que pode ajudar você. Afinal, em dias complicados, muitas vezes nem nos lembramos das pessoas às quais podemos recorrer. Ali, anote aquela vizinha que faz uma canja de galinha que você ama, a amiga de infância que já falou que pode levar fraldas se precisar e o tio que mora perto e se ofereceu para fazer companhia nos passeios, por exemplo. Pode ser bem prático.
4. Entenda que amizades mudam
A chegada de um filho, especialmente do primeiro, provoca profundas transformações no nosso círculo social. É comum que amigos e amigas se afastem, por estarem em outro momento de vida ou por acharem que não têm afinidade com o universo de um bebê. Claro que esses afastamentos chateiam, mas fazem parte da vida: nossos processos são cíclicos, e é comum nos afastarmos temporariamente de algumas pessoas para retomarmos o contato depois. Assim, diante da ausência de alguém querido que você tinha certeza de que seria sua rede de apoio, respire fundo e dê tempo ao tempo. Tudo se transforma e, mais adiante, vocês podem construir a nova fase dessa relação.
5. Abra-se para as novidades, portanto
O momento em que o bebê nasce é também uma oportunidade para fazer novas amizades! Tem muita gente no mesmo momento de vida que você. Além disso, possivelmente você vai se sentir uma nova pessoa depois da chegada da criança. Abra-se, então, para estabelecer laços com pessoas novas.
6. Vá atrás de afinidades
Um bom caminho para criar essa rede de apoio com pessoas diferentes é olhar para os espaços que você frequenta depois da chegada da criança. Parquinhos, espaços culturais, projetos destinados à inclusão de mães – como é o caso do CineMaterna, que constrói uma programação de filmes para famílias e bebês – são locais em que você pode conhecer pessoas com as mesmas afinidades. Outra ideia é frequentar rodas de mães promovidas por espaços como clínicas médicas e centros de gestantes. Vai ser mais fácil, assim, criar a rede de que você precisa.
7. Tecnologia como aliada
As redes sociais e o WhatsApp trouxeram alguns riscos, mas também oferecem muitos benefícios para as mães. Se você faz parte de grupos de amigos, mesmo que não consiga sair de casa para encontrar as pessoas, pode se sentir inserido e acompanhar os papos nesses grupos. Também pode criar grupos com as novas amizades que fizer, combinando de se pedirem ajuda, de trocar informações ou só de ter aquele canal para fazer desabafos.
8. Rede de apoio na escola
Quando a criança ingressa na escola, os pais têm uma nova oportunidade de estabelecer novas amizades. Afinal, pense que você conviverá com os colegas do seu filho e as famílias deles, provavelmente, por alguns anos. Como são pessoas que estão no mesmo momento de vida, pode ser uma boa ideia combinar programas e passeios com elas, assim como buscar ajuda dentro dessa rede. Sabe aquele dia em que você vai atrasar para pegar a criança na escola? Pedir ajuda ao pai de um coleguinha pode ser a melhor saída. Além disso, nas férias, as famílias podem combinar revezamentos para ficar com os pequenos em casa. Vai ser superdivertido para eles e prático para você!
9. Não tenha vergonha de pedir…
Pedir ajuda talvez seja um dos maiores desafios para nós. Afinal, vivemos em um tempo em que valores como individualismo e autossuficiência imperam. Mas não tenha vergonha de pedir! Primeiro porque somos todos humanos, vulneráveis e todos precisamos de ajuda. Não há vantagem alguma em bancar o super-herói ou a super-heroína, e acumular tarefas que poderiam ser compartilhadas só vai desgastar ainda mais. Segundo: quando você pede ajuda a alguém, essa pessoa também se sentirá à vontade para pedir ajuda a você, e assim os laços entre vocês podem ser estreitados.
10. …e se prepare para ouvir um não
É claro que, quando pede ajuda, você também pode ouvir um não. Por mais que chateie às vezes, também faz parte da vida. É importante respeitar o momento e o limite das pessoas porque amanhã pode ser você. Não desanime diante disso e siga tentando acionar as pessoas de sua confiança. Só o tempo para consolidar uma rede de apoio confiável.