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Polaridade: o que livros infantis nos ensinam sobre tolerância entre diferentes

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Ele diz A, você pensa B. Você prefere tudo arrumado, ele deixa a casa uma bagunça só. Ainda acorda ao meio-dia, enquanto já às 6 h da manhã você está de pé. Quem nunca passou pela experiência de ter em seu convívio alguém exatamente oposto a você? Esse é justamente o dilema que vivem os personagens do livro Gordon e Tapir, do alemão Sebastian Meschenmoser, lançamento exclusivo do Clube Quindim em fevereiro – uma situação que tem se tornado cada vez mais comum nesse tempo de polaridade e intolerância que temos vivido.

Na obra ricamente ilustrada e cheia de um humor muito fino, Gordon e Tapir moram juntos, mas a grande diferença entre eles causa uma série de conflitos. Diante de tanto incômodo, o pinguim Gordon se muda, o que acaba por se apresentar uma excelente decisão: com espaço entre os dois, fica mais fácil fortalecer a amizade e até celebrar as peculiaridades de cada um. Uma pista, enfim, de como podemos lidar com o abismo que tem se apresentado entre as pessoas.

Tempos de polaridade

A história da humanidade é feita de divergências de opinião. No entanto, nos últimos anos, temos observado o surgimento de um cenário de polarização radical. Com isso, o clima fica acirrado, as pessoas se enfurecem e passam a gastar mais tempo tentando provar seu ponto de vista do que ouvindo o outro. O diálogo e a tolerância são deixados de lado, e é impossível chegar a um consenso ou até mesmo a um bom convívio entre diferentes – algo que é essencial para o funcionamento da nossa sociedade.

Mas como surgiu esse cenário de polaridade? O contexto dos últimos anos, feito de crise econômica, corrupção, falta de representatividade política, radicalismos e ascendência do autoritarismo, contribui muito para o caráter mais inflamado da população, e força as pessoas a tomarem posições bem-delimitadas. Outro aspecto fundamental é a internet. No ambiente virtual, nichos antes invisíveis se fortaleceram, indivíduos se uniram e encontraram um grupo com o qual se identificam.

Além disso, as redes sociais, com os algoritmos que regem seus funcionamentos, acentuam as tais “bolhas” – essas plataformas mostram aos usuários somente opiniões semelhantes às deles, enfraquecendo a capacidade de dialogar. Une-se a isso o fato de que, nas redes sociais, todos ganham voz – o que é ótimo –, a possibilidade de se expressar sobre tantos assuntos se ampliou muito. Por outro lado, perde-se a capacidade de realmente ouvir o outro com empatia e generosidade.

Em busca de soluções

Escritor: Ronaldo Simões Coelho
Ilustrador: Elcerdo
Editora: FTD

Construir um espaço saudável entre você e a pessoa que defende uma opinião radicalmente diferente, como sugere Gordon e Tapir, pode ser uma boa ideia. Dessa maneira, pode ser mais fácil lapidar a capacidade de tolerar aquele jeito de ser, de melhorar a habilidade de dialogar e ouvir, e ainda de celebrar os pontos fortes dessa pessoa.

Outra obra que faz parte da seleção de fevereiro também traz sugestões interessantes. O Pato Poliglota, de Ronaldo Simões Coelho e Elcerdo, conta a história de uma menina que tem um cachorro e um gato. Os dois começam a brigar, por isso a garota decide matriculá-los na Escola do Pato Poliglota, para que aprendam a falar a mesma língua. De um jeito bem-humorado, o livro mostra a importância da comunicação entre diferentes, de não só falar e ouvir, mas ainda agregar entendimento e empatia.

Assim, adaptar o que se diz e buscar compreender o outro é essencial para de fato se fazer entender e entender o outro. Trata-se de um momento em que será vital derrubar muros e construir pontes. Só assim, coletivamente, com respeito e em harmonia, avançamos como sociedade.

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