Todo mundo quer que seu filho goste de ler. E oferecer um bom livro infantil é o primeiro passo. Mas como escolhê-lo? Pela quantidade de texto? Tem que ser colorido? Descubra uma série de mitos que rondam a escolha pelo livro infantil ideal. E desmistifique-os.
1. Livro tem que “servir” para alguma coisa
Não há nada de errado em eleger um livro para abordar determinados assuntos com as crianças, como luto e desfralde. No entanto, a literatura extrapola uma função em si. Vivenciar aquela história, experimentar sua sonoridade, seu conjunto de imagens e palavras traz um potencial muito maior do que fechar a obra pela abordagem de uma única e determinada temática. Como disse Antonio Candido, em seu famoso ensaio “O direito à literatura”:
“a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.” (1995)
2. Livro para bebê precisa ser de pano ou de papel mais resistente
Para incentivar a leitura e a fabulação – e levar todos os benefícios que elas proporcionam –, nada mais rico que a literatura. Porém, livros de pano ou cartonados nem sempre trazem uma narrativa rica ou poética, e acabam tendo a durabilidade do material como o ponto principal. Na maior parte, narrativas literárias de qualidade estão nos livros de papel. E, assim sendo, os de pano ou cartonados não costumam ser a melhor opção para incentivar a leitura. É bacana um livro que resiste à exploração dos bebês sem amassar ou rasgar, mas oferecer apenas esse tipo de livro o fará perder muito da diversidade da literatura infantil brasileira, além de tirar a oportunidade de seu filho praticar a motricidade fina que pede o manusear de livros de papel. Afinal, livro é mesmo para ser manuseado e usado: livro bom é livro gasto!
3. O volume de texto aumenta conforme a idade do leitor
Não é porque o pequeno não é alfabetizado que não aproveitará uma história mais extensa, de um livro com mais texto. E o mesmo vale para um jovem ou adulto: não é porque ele é mais velho que não se encantará com a poética de um livro ilustrado com pouco texto. A competência leitora não tem relação direta com o volume de texto, mas com a densidade da linguagem e o vocabulário – e mesmo isso não tem relação direta com a idade, mas com a vivência daquele leitor. Há muitos livros com pouquíssimo texto extremamente densos e poéticos, com camadas de leitura capazes de encantar leitores de todas as idades. E muitos livros com centenas de páginas, com linguagem rápida e vocabulário recorrente, que são adorados por crianças mais novas.
4. Livro só de imagem é para a criança que não sabe ler
Livro de imagem é um livro sem texto, cuja narrativa é contada por meio das imagens colocadas em sequência. Na Contemporaneidade, a ilustração não está lá para substituir as palavras, ela é uma linguagem tão importante quanto a palavra, e conta histórias de modo diferente, o que exige aprendizado. Alguns adultos podem estranhar esses livros, mas aprender a linguagem visual é fundamental, em especial na Era da Imagem. E são muitas as competências desenvolvidas. Quando a imagem é colocada em sequência, é preciso preencher com a imaginação o que acontece no espaço de tempo entre duas imagens. Isso demanda grande esforço criativo. Saber identificar em toda aquela ilustração quais os elementos principais da narrativa, associá-los entre as imagens para construir a história, sem perder as sutilezas dos detalhes, é um exercício que demanda competências que muitos adultos não puderam desenvolver em sua infância. Saiba mais sobre livros de imagens aqui.
5. Livro infantil não pode ser assustador
Muitos pais evitam histórias de monstros, criaturas fantásticas e bruxas, com receio de que esse tipo de literatura desperte o medo do seu filho. No entanto, entrar em contato com esse universo simbólico ajuda o pequeno leitor a acessar sentimentos e emoções de forma simbólica. Aumenta seu repertório e ajuda a criança a lidar na vida real com o medo e tantas outras emoções que sobressaem nessas narrativas. Saiba mais aqui.
6. Livro infantil tem que ser colorido e fofo
Cuidado! Buscar só livros infantis coloridos e que combinam com a “aura de suavidade da infância” pode levar a escolhas estereotipadas. Aliás, é equivocado associar a infância apenas à suavidade. Se lembrarmos bem da nossa, perceberemos que as crianças também sentem dor, perda, infelicidade, ciúme, medo. A literatura é uma grande aliada para ajudar os pequenos a elaborar todo esse redemoinho de sentimentos. Por isso, não tenha medo de ler com a criança edições com cores escuras, ou só em preto e branco: isso não quer dizer que sejam mais ou menos apropriadas para crianças.
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Imagem de capa: Jessie Willcox Smith
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