Ser mãe é uma experiência muita poderosa, capaz de aprofundar o processo de autoconhecimento de uma mulher, proporcionar grande aprendizado e momentos inesquecíveis. No entanto, existe também o ser mãe que foi construído ao longo da história, com as expectativas e ideias que recaem sobre as mulheres, fazendo surgir a culpa e a romantização da maternidade. Já falamos um pouco sobre esse tema aqui, e sobre os caminhos que nos trouxeram até os modelos de maternidade atual, e que têm sido desconstruídos.

Por outro lado, pesquisadoras e teóricas apontam diferentes modelos de maternidade que aparecem atualmente, fruto do nosso tempo e das pressões do mundo contemporâneo. A seguir, você conhece um pouco mais sobre eles e descobre se tem algum modelo em que se enquadra.

Mãe elástica

Se até pouco tempo, restava à mãe estar confinada em casa, dedicando-se exclusivamente à casa e aos filhos, hoje essa mulher pode mais. Ela pode construir uma carreira, ter vida social, estudar, cuidar de si e também dos filhos. Nesse contexto é que a psicanalista Maria Helena Fernandes aponta que vivemos hoje diante do modelo da mulher-elástica. A partir do filme “Os Incríveis”, da Pixar, a pesquisadora nota que, desde que a mulher ganhou mais espaço no mercado de trabalho, tem sido forçada a equilibrar a vida profissional com a pessoal, ainda sofrendo pressões para estar com o corpo dentro dos padrões de beleza.

Apesar de gerar muita ansiedade para as mães, Maria Helena não defende o abandono desse modelo, mas que possamos repensá-lo mesmo estando dentro dele. Importante pontuar que esse modelo que a psicanalista analisa não contempla muito as interseccionalidades e realidades múltiplas das mulheres, como aquelas menos privilegiadas e condicionadas a trabalhos mais desgastantes, que impossibilitam inclusive conciliar a vida em casa com a vida fora dela.

Mãe intensiva

Não importa quanto tempo você trabalhe ou se dedique à sustentação da sua família: ainda se espera de você que se doe exaustivamente aos seus filhos, estimulando seu desenvolvimento e oferecendo o melhor a eles. Você se identifica com esse discurso? Sharon Hays, pesquisadora e autora de “The Cultural Contradictions of Motherhood” (em português: “As contradições culturais da maternidade”), chama esse modelo de maternidade intensiva. Mais do que um modelo, Hays define a maternidade intensiva como uma ideologia que força as mulheres a dedicarem enormes quantidades de tempo e dinheiro aos filhos.

Desse jeito, elas incentivam o consumo excessivo, estão sempre exaustas e com a sensação de insuficiência e culpa. Além disso, aliviam o envolvimento da comunidade e dos pais na tarefa de criação dos filhos. Em vez de olhar para a maternidade atual de forma coletiva, como uma experiência que deve receber suporte do Estado, inclusive, é vista só individualmente.

Nova maternidade

As escritoras Susan Douglas e Meredith Michaels, autoras de “The Mommy Myth – The idealization of Motherhood and How It Has Undermined All Women” (em português: “O mito materno – A idealização da maternidade e como ele tem rebaixado todas as mulheres”), definem o conceito de nova maternidade. Para elas, esse modelo reúne um conjunto de ideias, normas e práticas que promovem padrões de perfeição inatingíveis para as mães.

Esses padrões seriam divulgados principalmente pelos meios de comunicação e por meio da vivência das celebridades com a maternidade. Susan e Meredith defendem também que, como hoje é mais possível escolher ser mãe, a sociedade espera que as mulheres adotem certo profissionalismo nessa tarefa, com mais dedicação e autoridade no assunto. Na nova maternidade, não importa quanto uma mulher se dedique, ela nunca vai chegar no posto da mãe ideal.


Como você lida com a maternidade atual? Algumas mães contaram pra gente qual a maternidade elas querem.

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