O que é adolescência do bebê?

Seu filho ou filha mudou de comportamento de forma repentina? Passou a ter uma postura rebelde, o “não” é uma palavra que expressa com frequência e ele ou ela tem agido de forma muito negativa quando é contrariado(a)? É possível que vocês estejam enfrentando a adolescência do bebê, também chamada de primeira adolescência ou terrible twos (em inglês, terríveis dois anos).A boa notícia é que essa crise dos dois anos só uma fase, que pode ser mais ou menos intensa dependendo de cada criança. Em todos os casos, vai passar. Por isso, o Clube de Leitura Quindim elencou algumas dicas que podem ajudar a família a apoiar a criança nesse momento difícil – evitando prejuízos emocionais para todos.

Quando ocorre a adolescência do bebê?

O que é adolescência do bebê

Primeiramente, é preciso explicar que, embora seja associada aos 2 anos, essa mudança de comportamento pode ocorrer entre 1 ano e meio e 3 anos de idade. A fase é bastante característica, porque a criança passa a desobedecer aos pais e deseja que somente suas vontades sejam atendidas.

Comportamentos hostis, como bater, debater-se no chão, atirar objetos e até agredir a si mesma ou quem estiver por perto podem ser comuns, principalmente para resistir a uma ordem ou mesmo por ser contrariada em alguma das suas vontades: comprar um brinquedo, continuar uma brincadeira, permanecer em um local que goste, não tomar banho, não comer, ou qualquer outra coisa.

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O que causa a adolescência do bebê?

O que causa a adolescencia do bebe

A criança, repentinamente, vira a do contra. E isso tem uma explicação. É reflexo de mudanças neurológicas normais do desenvolvimento da criança, associadas à autonomia e independência. Esse período é marcado por grandes transformações: geralmente a criança já come sem ajuda, consegue vestir ou retirar algumas peças de roupa sozinha, passa a controlar o xixi, está aprendendo a se comunicar pelas palavras. Isso contribui para que ela se perceba como um indivíduo único e não mais como uma extensão dos pais. Por isso, adquire consciência de que tem vontades próprias e quer tomar suas próprias decisões.

A criança está aprendendo a conquistar seu próprio espaço, lidar com as próprias frustrações e também com os seus conflitos internos. Assim como os adultos, o bebê também fica triste, frustrado e bravo. O comportamento negativo, muitas vezes, é a forma que encontra para desaguar esses sentimentos. O mau comportamento é usado para enfrentar o sentimento de frustração e expressar para os adultos sua angústia e descontentamento. Na cabeça da criança, ela enxerga que é dessa forma que vai conquistar o que quer, mesmo diante da negativa dos pais.

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Dicas para o aprendizado de toda a família durante a adolescência do bebê

Quando comeca a adolescencia do bebe

Veja algumas formas de enxergar o período da crise dos 2 anos como uma fase de muito aprendizado e para evitar que o comportamento hostil e agressivo aconteça.

  • Tenha paciência. Manter a calma deve ser um mantra dessa fase. Lembre-se todos os dias de que essa é uma fase de adaptação para a criança, que ela tem esse comportamento por não compreender ainda a própria transição para um novo momento. É tudo muito confuso também para o seu pequeno.
  • Pratique o diálogo antes de situações difíceis. Perceba as situações que podem motivar o mau comportamento ou uma crise: ir a uma comemoração, passar por uma consulta médica, fazer compras de supermercado, passear no shopping, ir ao parquinho. Ao identificar possibilidades de estresse, converse com a criança antes de chegar ao local. Explique tudo, conte onde estão indo e o que farão lá. Se forem fazer compras, enumere o que vão comprar e o que não poderão comprar. Se vão a um passeio, aponte o horário em que irão embora. Isso evita informações novas e inesperadas e permite à criança saber qual é o comportamento que você espera dela.
  • Mantenha uma rotina organizada. Nessa fase, as tarefas rotineiras, antes realizadas de forma tranquila, podem se tornar um tormento. Comer, tomar banho, colocar a roupa para ir à escola, tudo isso pode ser difícil, e a criança passa a querer ter o controle de como e quando fazer cada coisa. Busque manter uma rotina organizada, invista na repetição e não ceda às tentações de fazer a vontade dos pequenos.
  • Apresente histórias e personagens que enfrentam os mesmos desafios. Realizar leituras em conjunto com os pequenos sobre a raiva, tristeza e frustração pode ser uma boa alternativa para abordar esses sentimentos. As crianças tendem a se identificar com os personagens das histórias e enxergar neles um exemplo para tudo o que estão vivendo. Você pode baixar dicas de 30 livros para bebês que ajudam no desenvolvimento infantil desenvolvidas pelo nosso clube de leitura e começar a ler com o seu pequeno!

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COMO LIDAR COM A CRISE DOS DOIS ANOS E A ADOLESCÊNCIA DO BEBÊ COMO UM TODO?

Como lidar com a adolescência do bebê

E quando a criança já recorreu ao comportamento agressivo ou está em uma crise de choro, o que fazer? Lembre-se de que tentar poupar seu filho de frustrações ou sofrimentos pode ser contraproducente para seu desenvolvimento. É na infância que o ser humano aprende a lidar com os sentimentos e situações desagradáveis que enfrentará ao longo da vida. Veja como fazer dos momentos da crise dos dois anos um aprendizado construtivo:

  • Respire: quando ocorre um comportamento agressivo do seu filho ou ele está chorando inconsolavelmente, o primeiro passo é aguardar. Agir com naturalidade perante uma crise de choro, por exemplo, pode ser um caminho para que a criança perceba que esse comportamento não é a melhor forma de chamar a atenção. Após esse momento, quando seu filho se sentir melhor, é mais fácil que você e o pequeno tenham uma boa conversa.
  • Converse: nesse momento, acolha os sentimentos da criança e tente entender o que houve para ocasionar aquele comportamento. Caso a criança tenha se mostrado hostil, explique porque isso pode ser um problema. Uma dica é se posicionar na mesma altura que ele, abaixando-se, se for preciso. Converse olhando nos olhos, demonstrando empatia.
  • Nas crises, tire o foco: procure enxergar a situação como um todo, tirando o foco da crise, ou do objeto que causou esse sentimento. Leve a criança para um lugar calmo se for preciso e possível. Começar a falar de outro assunto ou chamar a atenção para outra coisa é um bom caminho.
  • Evite o constrangimento: caso precise repreender seu filho, não faça isso na frente de outras pessoas. Evite constrangê-lo e busque fortalecer o vínculo entre vocês.
  • Acolha: tente se colocar no lugar da criança. Como você sabe que o comportamento agressivo ou o choro inconsolável é uma maneira de ela demonstrar insatisfação, entenda e acolha esse sentimento. Demonstre que está ao lado dela, usando palavras de carinho.
  • Evite gritos e violência: tapas, puxões de orelha ou qualquer outra agressão devem ser evitados. Lembre-se de que as crianças devem entender que a violência ou a agressão não são o melhor caminho para lidar com os próprios sentimentos. Não reforce isso com o exemplo contrário.
  • Não é não: a partir do momento em que você deu uma negativa para a criança (interrompeu uma brincadeira, negou um brinquedo ou mesmo repreendeu uma atitude negativa), você deve se manter firme. Não mude de ideia, não volte atrás.
  • Escolha consequências e não castigos: castigos estão ligados à imposição do medo e da autoridade, já consequências educam e ensinam a diferenciar o certo do errado. Caso seu filho chegue a um local de lazer e tenha um comportamento negativo, um dos caminhos é tirá-lo do local e não retornar. Se os pais estabelecerem consequências prévias para a quebra de regras, mantenha a palavra e cumpra o prometido.
  • Pratique a repetição: como as crianças aprendem pela repetição, esteja ciente de que podem ser necessárias várias conversas até que ela compreenda o que você deseja ensinar. A repetição faz parte do processo de aprendizagem.

Importante: nessa fase da crise dos dois anos e da adolescência do bebê, a criança está conhecendo suas emoções e aprendendo a lidar com questões importantes de seu desenvolvimento psicológico. Impor limites e evitar poupar os pequenos das frustrações naturais são as melhores escolhas para que as demais fases da vida – como a própria adolescência – sejam vividas de uma maneira mais tranquila para todos.

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