O maternar e o paternar passam por várias fases. Pode começar com a gravidez, com diversas etapas até que o bebezinho saia do ventre de sua mãe, ou com o processo de adoção. O desenvolvimento da criança também tem várias fases até que chega o momento daquela dúvida comum: qual é a melhor idade para entrar na escola?
Antes de continuar, já afirmamos que aqui você não encontrará uma resposta mágica e definitiva para todos os casos – afinal, ela não existe. Como sempre defendemos por aqui, cada criança é única, com suas características e peculiaridades.
O que existe de mais estabelecido é uma idade máxima para matricular as crianças na escola, de acordo com o Ministério da Educação, mas não necessariamente uma idade mínima.
Se você entendeu a enorme quantidade de variáveis que influenciam nesta decisão e não está atrás de uma resposta pétrea, mas sim de conhecimento para fundamentar a sua escolha sobre a melhor idade para entrar na escola, então veio ao lugar certo, pois traremos uma série de discussões pertinentes e aplicáveis em seu dia a dia.
De acordo com as leis, qual é a idade para entrar na escola?
De acordo com a Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, que alterou a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, é “dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade”.
Isso já nos dá um ponto de partida. Afinal, sabemos que a legislação vigente afirma que é obrigação matricular as crianças a partir dos 4 anos. Além disso, o Art. 31 diz que a educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
- Avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças;
- Carga horária mínima anual de 800 horas, com no mínimo 200 dias de trabalho educacional;
- Controle de frequência pela instituição de ensino pré-escolar, exigida frequência mínima de 60% do total de horas.
Isso significa que a idade máxima para matricular os pequenos na escola é de 4 anos. Porém, isso não quer dizer que não seja possível matriculá-los antes dessa idade, o que pode se aplicar a diversos casos, como veremos a seguir.
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Qual é a recomendação de idade para entrar na escola?
Mais uma vez, isso vai depender da preferência e das decisões dos pais ou responsáveis, já que há pontos fortes e fracos tanto para quem decide enviar os filhos mais cedo para a escola quanto para aqueles que preferem protelar este prazo.
Na maioria dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a educação primária começa entre os 6 e 7 anos. O Reino Unido, por sua vez, é um dos poucos países em que as crianças vão do pré-primário para o primário aos 5 anos de idade (ou antes).
Um estudo publicado em 2019 no periódico American Economic Association acompanhou crianças da Inglaterra nascidas entre 2000 e 2001 até seus 11 anos de idade para entender o impacto de uma transição mais cedo ou mais tarde até o primeiro ano da escola primária, mostrando como isso influencia em suas habilidades ao longo do tempo.
A análise mostrou que começar o primeiro ano do primário antes tem efeitos positivos nas habilidades numéricas e de linguagem nas idades de 5 e 7 anos, além de melhorar um conjunto de habilidades não cognitivas até o final do período de observação, aos 11 anos. Os efeitos são particularmente mais fortes em garotos de cenários familiares desfavoráveis.
Porém, há outra observação importante: a vantagem inicial na pontuação de testes cognitivos de crianças que entram mais cedo no primário diminui em séries mais avançadas, sugerindo que quem começa depois pode superar essa diferença.
Vale notar, no entanto, que o estudo menciona o ensino primário, que se inicia aos 6 anos aqui no Brasil. A obrigatoriedade existe desde os 4 anos, mas este é o período da educação básica, que naturalmente vem antes do primário.
Quem procurar por outros estudos pode encontrar conclusões diferentes, mas fato é que a idade ideal para entrar na escola deve ser escolhida de acordo com o que os pais observarem em seus pequenos.
Pode haver sinais capazes de indicar que eles estão demandando mais ou menos a presença na escola antes do período máximo indicado por lei por todo o conjunto de habilidades e benefícios que podem ser extraídos do convívio com outros pequenos e os professores.
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As crianças apresentam sinais de que querem ir para a escola?
Não é uma regra, mas os pequenos podem indicar, por meio de alguns comportamentos, que a interação e o aprendizado escolar seriam bem-vindos naquele momento. Para ilustrar isso, gostaria de usar o exemplo do Rafael, meu filho (é um exemplo real e você pode ver o Rafa ali na foto da minha bio, na parte de baixo da página).
O Rafa nasceu em dezembro de 2019. Três meses depois, foi decretado o lockdown em decorrência da pandemia de COVID-19. Soma-se a isso o fato de eu e minha esposa, Tábata, sermos filhos únicos, ou seja, o Rafa também não tem primos.
Com isso, nos primeiros anos, nosso pequeno não teve uma interação diária e constante com outras crianças – pelo menos não com as mesmas crianças, já que ele encontrava diversos amiguinhos no parque. Porém, a brincadeira nunca faltava, pois minha esposa pôde dedicar seu tempo e seus cuidados a nossa família, estando junto do Rafa durante o dia todo.
Os dias em casa eram repletos de atividades e diversão. Nossa sala de estar virou um verdadeiro playground, com o chão forrado por tatames de EVA para que ele pudesse brincar e se desenvolver em um espaço seguro, pensado para ele. As brincadeiras educativas, com letras, números e jogos, eram parte da rotina, já pensando em seu desenvolvimento.
Quando o Rafa tinha 2 anos e 9 meses, nos mudamos para um condomínio, que havia sido entregue há pouco tempo. Novos moradores foram chegando e, entre eles, algumas famílias com filhos, o que permitiu ao Rafa ter um contato constante com crianças. Durante as férias escolares, principalmente, como as crianças estavam em casa, ele pôde brincar bastante com seus novos amiguinhos.
Então, chegou o ano seguinte e, com ele, o fim das férias. Os amiguinhos voltaram à escola e já não estavam mais lá durante todo o dia, e aí o nosso pequeno sentiu falta de brincar e conviver com outras crianças. Foi aí que decidimos, quando ele já havia completado 3 anos, que o matricularíamos em uma escolinha, por meio período, para que pudesse ter esse convívio diário com outras crianças.
Não quero dizer que esta seja a receita do bolo, pois foi algo que funcionou para a nossa família e que não necessariamente funcionará para a sua. Hoje, no início de 2024, ele está de férias, curtindo bastante em casa, mas também com vontade de voltar e encontrar seus amigos. Também notamos um desenvolvimento bem significativo nas habilidades de comunicação, coordenação motora fina e na naturalidade no convívio com outras crianças.
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Idade para entrar na escola: o ideal é o que funciona para você
Sumarizando tudo que vimos aqui, o ideal é o que funciona para cada família. Há aquelas que têm a oportunidade de manter seus pequenos em casa por mais tempo, enquanto outras, devido a necessidades de trabalho, precisam antecipar a experiência escolar. Cada caso é muito particular.
A idade máxima obrigatória para matricular as crianças aqui no Brasil é de 4 anos, mas pode ser que você decida fazer isso antes, de modo a proporcionar essas oportunidades de socialização e desenvolvimento para o pequeno. Converse e discuta este tema entre a família e decidam, juntos, o que fazer. Essas dicas para ajudar seus filhos durante a adaptação escolar podem ajudar muito, inclusive.
Ah, e, independentemente da idade para entrar na escola, o papel dos pais e responsáveis é de auxiliar no desenvolvimento do pequeno, ou seja, a educação começa em casa. Para tornar esses momentos ainda mais prazerosos, o clube de leitura infantil do Quindim está aqui, atuando como um parceiro importante nessa jornada de diversão e crescimento.
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Estante Quindim
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