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Por que a educação sexual deve ser tratada nas escolas

Grupo de adolescentes compostos de sete pessoas de diferentes etnias andando por um corredor de uma instituição escolar

A educação sexual consiste em abordar ensinamentos sobre o próprio corpo, sua saúde e seus limites, e também sobre consentimento, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez indesejada e outros temas. Dessa maneira, a educação sexual de uma pessoa não é ensiná-la nem incentivá-la a fazer sexo.

Falar sobre sexo com crianças e adolescentes garante que tenham informação de qualidade e conhecimento para tomar decisões, se proteger e denunciar abusos e violência caso algo aconteça. Para compreender a importância de abordar esse assunto na escola, o Clube Quindim traz esta matéria detalhada.

Para que serve a educação sexual

Existe o aspecto biológico sobre o qual trata a educação sexual. Por esse ângulo, é possível falar sobre a anatomia, o funcionamento do organismo, os cuidados que devemos ter com a higiene íntima, como se dá a reprodução, a gravidez e a transmissão de doenças.

Mas a educação sexual fala também do desejo humano, das sensações, das descobertas e da responsabilidade que precisamos ter, tanto conosco quanto com as pessoas com quem nos relacionamos. Assim, a educação sexual também trata das diferenças entre as pessoas, da autoimagem e da autoestima, da orientação sexual, do respeito com nosso próprio corpo e sentimentos, bem como com o corpo e os sentimentos de outras pessoas.

A educação sexual também ensina sobre consentimento, sobre que tipo de toque é adequado ou não (especialmente no caso das crianças que ainda dependem de auxílio para fazer higiene íntima) e, consequentemente, sobre aquilo que pode ser abuso.

Todos esses temas devem ser abordados com sinceridade, simplicidade e adequação à faixa etária do jovem. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), quanto mais informação de qualidade é oferecida, melhores decisões os jovens são capazes de tomar sobre sua própria sexualidade.

É importante que assuntos como esse sejam tratados de um ponto de vista científico, por um profissional da educação com treinamento técnico para tal, já que é dever da escola garantir o direito à informação de crianças e jovens.

Veja também: A importância de manter um diálogo aberto com pré-adolescentes.

A importância da educação sexual na prevenção do abuso

Basta uma pesquisa rápida no Google para encontrarmos diversas matérias sobre crianças que denunciaram abusos depois de assistir a uma palestra sobre educação sexual e violência na escola.

Nesses casos, ao tomar contato com informação de qualidade, a criança percebe que a experiência que viveu não era adequada, que não se tratava de uma brincadeira, ou ainda que o agressor não pode continuar fazendo mal a ela.

Infelizmente, a maior parte dos casos de abusos é cometida por pessoas conhecidas e do convívio da vítima no ambiente familiar, na igreja e centros esportivos. Assim, é na escola que reside a esperança de que esse ciclo de violência seja interrompido.

Educação sexual e pornografia

Quando pensamos na educação sexual de adolescentes, a questão da pornografia também não deve ser varrida para baixo do tapete, pois mais cedo ou mais tarde (precisamos justamente atuar para que seja o mais tarde possível) os jovens terão contato com ela – seja por curiosidade própria ou por meio de algum amigo que já tenha acessado.

Então, o primeiro passo é esclarecer que o que é representado ali faz parte de uma indústria que movimenta bilhões de dólares todos os anos e é tão fantasioso quanto um conto de fadas. A pornografia pode causar inseguranças em meninos e meninas sobre seus corpos e muitas noções equivocadas sobre o que é sexo e o que é saudável nessas relações.

Permitir que os jovens, quando estiverem prontos para isso, iniciem suas vidas sexuais achando que devem reproduzir o que veem nos filmes pornôs, ou avaliar seus parceiros em comparação com as performances que assistem nos vídeos é condená-los a uma vida de frustração, abuso e perpetuação de comportamentos que estamos finalmente começando a discutir e combater.

Por fim, precisamos dizer que não falar sobre sexo e sexualidade, sobre proteção contra gravidez indesejada e doenças, sobre consentimento e tantos outros assuntos não vai impedir que as crianças e jovens passem por experiências que requeiram conhecimento sobre esses temas, mas pode, sim, tornar essas experiências difíceis e dolorosas, para muito além da complexidade que já carregam em si.

Assim, nosso maior objetivo deve ser estabelecer um porto seguro para onde as crianças sempre possam retornar, criando um ambiente seguro e honesto em casa e na escola onde eles se sintam confiantes para falar sobre tudo.

Veja também: Educação sexual na infância: tudo o que você precisa saber

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