Quando buscamos construir diálogos mais afetuosos e mais inclusão em todos os aspectos da sociedade, precisamos nos informar sobre diversas pautas e até mesmo desconstruir ideias que tínhamos até então. O colorismo é um desses temas essenciais que, quando abordado dentro de casa com as crianças, pode ajudar a evitar falas e atitudes racistas no futuro. Mas, afinal, o que é colorismo?

O que é colorismo?

Como falar sobre colorismo

Muitas vezes, pessoas negras de pele clara são chamadas de “morenas” ou outros termos similares para dizer que não são negras, se assemelhando ao branco. Isso é colorismo e pode gerar insegurança, afastamento da sua cultura e ancestralidade e, muitas vezes, confusão sobre sua identidade.

Em 1982, a escritora Alice Walker abordou o tema no livro “Se o presente se parece com o passado, como será o futuro?”. No colorismo, são diferenciadas as tonalidades da pele negra, da cor mais clara para a mais escura. O que essa segregação traz, na prática, são situações de inclusão ou exclusão em diversos momentos. Quer um exemplo prático? Uma pessoa negra de pele mais clara tem menor dificuldade de conseguir um emprego, quando comparada a um indivíduo de pele mais escura. A mesma comparação, infelizmente, faz parte de diferentes ocasiões no cotidiano, inclusive, quando há abordagens policiais ou desconfianças em lojas e supermercados.

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Como falar sobre o que é colorismo com as crianças

A importância de falar sobre colorismo com as crianças

Para falar sobre colorismo com as crianças, é preciso dar um passo antes e dialogar muito abertamente sobre o racismo. Aliás, é necessário, em primeiro lugar, entender se os próprios adultos não têm vieses racistas, buscar informações sobre o assunto e aprender sobre ele. Dialogar com os pequenos sobre raça toda vez que o assunto vier à tona, explicando falas e comportamentos racistas, é o dever de todos os cuidadores.

Ao ter esse diálogo muito bem estabelecido dentro de casa, é possível falar sobre o colorismo. Dizer que uma pessoa negra é negra e pronto. Ela não é “marrom mais claro” ou “marrom mais escuro”. Uma maneira didática de explicar o tema é se perguntar e questionar à criança se o contrário acontece. Um indivíduo branco é “branco claro” ou “branco mais escuro”? Dificilmente essa comparação vai existir no cotidiano. Então, não existe essa mesma diferenciação para pessoas negras. Simples assim.

Um passo importante nessa construção é também relacionado ao acolhimento às crianças negras que passam por esse preconceito de colorismo. Ensine aos pequenos a se posicionarem e ensinarem que a diferenciação da tonalidade de pele não existe. Com isso, há chances de os conflitos em relação à raça diminuírem. Todas as crianças negras devem crescer se orgulhando da cor da sua pele, se sentindo seguras e acolhidas, como todas as outras. Mas esse lugar confortável só será possível se toda a sociedade entender a importância de combater o racismo em todas suas esferas, até mesmo o colorismo, para que as camadas de preconceitos sejam eliminadas.  

O colorismo nas escolas

Colorismo nas escolas

Crianças e adolescentes que vivenciam o colorismo na escola podem passar por dificuldades em seus relacionamentos, e isso pode até mesmo afetar a autoestima. Outro grande problema desse preconceito é o sentimento de injustiça entre as pessoas negras, que podem associar a pele negra mais clara à aceitação um pouco mais fácil em grupos sociais.  

Como, então, diminuir esse triste e histórico cenário de racismo?

Contar e ressaltar a história afro-brasileira nas escolas é um importantíssimo e poderoso caminho para combater o problema social. Mas, infelizmente, o ensino da cultura africana e indígena nas escolas não é reproduzido da forma como deveria ser — e como obriga a legislação desde 2003. Esse tema é urgente, já que são nesses locais de educação que muito se aprende das culturas e, mais do que isso, sobre o respeito. 

Enquanto toda a estrutura não criar formas, mecanismos e abrir diálogos sobre o tema, pouco vamos avançar. Enquanto isso, pais e cuidadores devem fazer sua parte, lembrando diariamente seus filhos da importância do empoderamento e de ser pessoas livres de preconceitos raciais.

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