Sem escola, sem visita aos avós, pais geralmente trabalhando em casa ou sem trabalhar. Com tantas mudanças provocadas pelo novo coronavírus, independentemente da idade, as crianças sabem que o mundo passa por uma transformação e que a Covid-19 exige cuidados. Então, como falar sobre o coronavírus com as crianças e como avaliar as informações que elas recebem?
Para a psicanalista e pedagoga Melanie Salgado, esse é um período para analisar não apenas o impacto das informações que chegam às crianças, mas nosso comportamento no dia a dia. “Eles estão nos observando intensamente: como lidamos com dificuldades, com frustrações, com limitação de liberdade ou mesmo dificuldades financeiras”, afirma.
Como as crianças têm grande capacidade de “captar” o que está ao redor, é importante que os pais estejam atentos para abordar o tema com naturalidade e, ao mesmo tempo, sinceridade. “Não adianta tentar maquiar as informações com um discurso bonito, ameno, se estamos preocupados e estressados durante todo o dia”, explica. Além disso, é importante escutar tudo o que a criança já sabe e compreender o que ela quer saber, para ter um diálogo franco sobre o assunto e, quem sabe, pesquisar juntos aquilo que os pais não sabem responder.
Cada faixa etária tem condições diferentes de absorver informações. Abaixo, o
Clube Quindim separou alguma dicas de Melanie Salgado sobre como falar sobre o coronavírus com as crianças de acordo com as diferentes idades.
Como falar sobre o coronavírus com as crianças de acordo com as faixas etárias
Até 5 anos: mesmo sem compreender o que é transmitido nos veículos de comunicação, os pequenos são capazes de perceber que os adultos estão mais tristes e, além disso, preocupados. A conversa, então, pode ser simples: “é importante ficar em casa para não ficar doente, comer direitinho para ficar forte, dormir bem. Vamos aproveitar este momento para brincar de coisas legais”. Além disso, uma sugestão que nós fazemos, caso você esteja trabalhando em casa, é explicar isso à criança e dizer a ela em que horários você estará ocupada e quando poderá brincar com ela.
De 6 a 9 anos: já alfabetizada, a criança está ligada nos “sinais do mundo”. Por isso, tenha cuidado redobrado com as informações da televisão e internet, pela tendência fatalista. É necessário mais conversa e muita escuta. Então, tire dúvidas sobre o que pode estar “assombrando-a” (nessa fase, os pesadelos são comuns). Deixe claro a importância da alimentação e da higiene, pois assim as crianças conseguem compreender que há “bichinhos invisíveis” que podem transmitir doenças.
De 10 a 13 anos: a compreensão da finitude começa a tomar forma. Afinal, as crianças de dessa idade já conversam “com o mundo” (amigos,
youtubers, professores, internet). É importante dar muito espaço para que falem sobre suas impressões e que os pais possam fazer “ajustes” de percepção. Ao perceber muito fatalismo, mostre histórias de superação e, além disso, os avanços no conhecimento da doença. Ao perceber descaso, demonstre a importância de mais conhecimento e cuidados.
Alguns materiais que podem ajudar na conversa
Desenvolvido pela psicóloga colombiana Manuela Molina, o
material é informativo, bastante lúdico e interativo. O ideal é imprimir o livro, se puder.
- Carta às meninas e aos meninos em tempos de Covid-19
Carta às meninas e aos meninos em tempos de COVID-19, um material que certamente tem ajudado muitas famílias Brasil afora neste momento difícil,
é uma iniciativa do Fórum Mineiro de Educação Infantil (FMEI) e o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação Infantil e Infâncias (NEPEI), da Faculdade de Educação da UFMG? Por isso, é tão importante valorizarmos a produção e pesquisas desenvolvidas nas nossas universidades.
O
e-book surgiu da ideia de escrever uma carta para as crianças explicando o que está acontecendo no Brasil, e no mundo, com a pandemia do novo coronavírus. Afinal, há tantas produções destinadas aos pais e mães, às professoras e aos professores, mas não havia nada dirigido diretamente às crianças. O resultado é uma obra que acolhe os pequenos e suas famílias e traz, por meio da arte, ao menos um pouco de conforto para todos.
Um trabalho colaborativo entre diversos ilustradores de livros infantis para ajudar a falar sobre sobre o coronavírus com as crianças. São eles:
Alexandre Rampazo, Anna Cunha, Camilo Martins, Elisa Carareto (que ilustra a capa), Gabriel Benedito,
Graça Lima, Luiz Silva,
Marilda Castanha, Nelson Cruz,
Odilon Moraes e Raquel Matsushita (que também fez o projeto gráfico). É uma
obra maravilhosa, de distribuição gratuita, que vale muito a pena conferir e ler junto das crianças.
Com uma linguagem especialmente desenvolvida para jovens e crianças, o site disponibilizou gratuitamente
todos os conteúdos sobre o novo coronavírus. Além das edições do jornal, é possível encontrar diferentes atividades para leitores, educadores e pais.
Se a criança tem acesso a notícias é importante orientá-la a checar a veracidade das informações. A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) publicou
dicas para avaliar se uma notícia é verdadeira e confiável. Você pode convidá-lo a investigarem juntos a partir desses pontos.
APROVEITE ESTE MOMENTO PARA INCENTIVAR A LEITURA!