A criança que até pouco tempo atrás amava ouvir histórias e vivia trazendo livros para os pais lerem, de repente, torce o nariz para a leitura. Em alguns casos, chega até a dizer aquele temido: “Ler é chato!”. Pois é, aconteceu comigo, já ouvi relatos parecidos de outras famílias, e faz parte de um fenômeno maior: os desafios da leitura autônoma. Mas o que é isso, quais motivos estão associados e como podemos conduzir esse delicado momento? É disso que falaremos a seguir.

Quando ler é chato

Enquanto os pequenos ainda não sabem ler, muitos de nós, pais e mães, lemos histórias para eles. Criamos, assim, aquele delicioso clima de afeto fundamental para que a criança se desenvolva e para que adquira interesse pela leitura. Pequenos que vivenciam essa rotina com frequência demonstram esse amor pelos livros, e seguem pedindo aos adultos próximos que leiam histórias.

O cenário muda, entretanto, quando a criança entra na fase da alfabetização. No intuito de apoiar o filho nesse importante aprendizado, os pais acabam trocando a leitura compartilhada pelo estímulo de que a criança leia sozinha os livros que consegue, ou para que se leia em conjunto – quando um adulto lê uma página, e a criança lê outra, por exemplo, estimulando a leitura autônoma. Acontece que o momento de aquisição das competências de ler e escrever é bastante desafiador para a criança, e o que antes era prazer, se não for cuidado, pode se transformar em obrigação. Resultado: a criança pode deixar a leitura de lado.

Quando a criança tem vergonha de ler

Sabemos também que, a partir dos 6 anos, quando a criança começa a tomar contato com a alfabetização, e mais tarde, quando vai se desenvolvendo rumo à pré-adolescência, ela pode ficar suscetível à opinião dos colegas. Ao ouvir, por exemplo, que “ler é chato”, o pequeno que tem prazer na leitura pode se sentir envergonhado com o seu gosto e passar a escondê-lo ou refutá-lo.

Cabe, aos adultos próximos, ter cuidado e tecer diálogos afetuosos com a criança: falar sobre a importância de ler, dos prazeres de ler, de que aquela prática, então desafiadora, vai se tornar mais fácil, e de que não é vergonha alguma fazer o que se ama.

Para driblar essa situação, é importante também que os pais respeitem o tempo dos filhos e esse desafio, evitando forçar a criança a ler, o que pode aumentar sua resistência diante desse hábito. Leve-a a espaços agradáveis que promovam a leitura, como bibliotecas e livrarias, permita que ela se aproxime dos livros que mais a interessem e deixe que, em seu tempo, ela vá recuperando ou adquirindo o prazer diante da descoberta de histórias. Compreender o espaço do seu filho e seus processos é um dos maiores desafios da criação, mas também um dos maiores presentes que podemos dar a eles.

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