AÇÕES PARA A TRANSFORMAÇÃO EFETIVA

ESCOLA ANTIRRACISTA NÃO É MARKETING:

por Elizabeth Cardoso

Especialmente depois da Lei 10.639, que estabelece o estudo da cultura e da arte africana e indígena, as escolas (salvo exceções) passaram a ver novembro como o mês de “dar conta desta demanda legislativa” e, assim, ficar em dia com suas “obrigações”.

Proponho alguns reparos em tal atitude com o objetivo de colaborar com a efetiva educação antirracista.

A CONSTRUÇÃO DE UMA ESCOLA ANTIRRACISTA PRECISA DE APOIO

É muito importante levar a questão para todos os atores, todos os envolvidos, pois a transformação deve ser da comunidade.

Vejo casos nos quais tal proposta acaba ficando quase restrita aos professores e alunos negros (pretos e pardos). Esse grupo é, e tem que ser mesmo, o núcleo irradiador deste movimento. Mas a comissão antirracista precisa de apoio, de recursos humanos e financeiros.

EXPLORAR AS TEMÁTICAS O ANO TODO E DE FORMA TRANSDISCIPLINAR

A segunda ação que sugiro é abordar a afrociência, a afroarte e afrofilosofia o ano inteiro e de modo transversal, transdisciplinar. 

Vamos pensar essa proposta dentro da perspectiva da literatura. O comum nas escolas é ler escritoras negras e negros em novembro. Enclausurando a literatura de ancestralidade negra numa perspectiva temática. Tal atitude é limitante e limitadora. A literatura negra deve ser lida em todos os contextos. 

Outro desdobramento importante desta ação na construção de uma escola antirracista é o livro didático. Os autores, cientistas, pensadores negros também podem e devem estar presentes no material didático enquanto citações, exemplos, enunciado de questões, entre outras possibilidades.

OFERECER REPERTÓRIO PARA TODOS OS PROFISSIONAIS

O que nos leva para a terceira ação necessária: repertorizar professores, coordenadores, gestores, editores sobre o conhecimento afrocentrado. 

Pois se os profissionais responsáveis – por produzir e aplicar o material didático, os planejamentos de ensino, os currículos etc. – não tiverem repertórios afrocentrados e racializados fica quase impossível que as demais ações aconteçam de modo adequado.

É necessário aperfeiçoamento e atualização contínua. A educação antirracista é uma construção coletiva e constante, e mesmo sendo um projeto de longo prazo, se bem planejada, apresenta resultados imediatos

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