PARA A SAÚDE E A CRIATIVIDADE
Com o avanço das tecnologias e a avalanche de informação e entretenimento, desaprendemos a ficar parados, com nossos próprios pensamentos, refletindo sobre o que aconteceu, o que vimos, ouvimos, falamos e sentimos.
Sentimos necessidade de ocupar cada espaço, cada minuto, cada segundo, com vídeos, músicas, textos, jogos, qualquer coisa que nos livre da sensação de não fazer nada. Como se o ócio fosse algum tipo de crime a ser combatido com todas as nossas forças.
E, por achar que isso é normal, passamos a fazer o mesmo com as crianças. Além da escola, há um mundo de atividades extracurriculares como ballet, judô, natação, inglês, aulas de música, de teatro, de pintura, de expressão corporal...
Assim, essas crianças vão crescendo e passam a ser adolescentes que não sabem lidar com o tédio (e nem querem saber). Jovens que buscam cada vez mais estar ligados, conectados e expostos nas redes.
O psicólogo Rafael Santandreu, em uma entrevista concedida ao jornal El País, afirma que o tédio faz parte da nossa natureza e nos coloca em um estado mental de calma e felicidade, capaz de ativar grandes tarefas.
É durante os períodos de tédio que conseguimos processar os acontecimentos do dia, explorar mentalmente novas possibilidades para solucionar problemas diversos e estabelecer novas associações mentais.
Quando pensamos nas crianças, o tédio se torna especialmente importante. Como suas mentes estão em pleno desenvolvimento e tudo é, literalmente, novo, é preciso tempo para processar as coisas, consolidar os aprendizados, imaginar brincadeiras e situações, experimentar e explorar.
“Além de contribuir para a desaceleração da rotina, ajudar crianças e adolescentes a relaxar, aceitar e usufruir do vagar sem rumo da própria mente é uma maneira de apoiá-los na descoberta dos benefícios que o tédio pode trazer.” – Fabiana Zveiter